Quem é a Maria?
Plantei várias árvores, tive duas filhas e escrevi um livro. Segundo o poeta cubano José Martí, isto seria o necessário enquanto pessoa, mas a Maria continua à procura de si própria. Passei pela dança, pela música, pela escrita e pelo Web Design. Envolvi-me profundamente em todas as áreas, mas não bastou. A vida transformou-me numa pessoa que não desiste e, ao mesmo tempo, noutra que está sempre a recomeçar. Ser persistente é o meu lema.
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Consegue lembrar-se de quando se apercebeu que era “artista”? De que pintar tinha de fazer parte da sua vida?
Do meu ponto de vista, enquanto não fizer parte do meio deste negócio, não sou uma artista. Sou
pintora.
Antes de pintar, rabiscava em papelinhos, que depois deitava fora.
Ainda hoje, quando a exposição está pronta, os esquissos vão todos para o lixo.
Em 2004, fiz o livro de poesia “Voar”, já com ilustrações minhas e, em 2006, a minha primeira
exposição de pintura. Não consigo imaginar-me a fazer outra coisa desde então!
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Em que consiste a sua pintura?
Pintar é a minha forma de expressão interna sobre um tema, suponho que seja figurativa.
Gosto de me sentir livre para experimentar vários meios sobre uma tela. Já usei terra, caules
e flores, até café, sal e grãos de areia, mas o que gosto mesmo é de “esticar” a tinta.
Isto é, esgotar a cor por camadas finas e ir trabalhando em semitransparência.
Comecei pelo acrílico e, mais tarde, apaixonei-me pela tinta de óleo por essa razão, “estica” melhor.
A desvantagem é que o trabalho leva o triplo do tempo a realizar!
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Qual é o seu método de trabalho?
Eu trabalho todos os dias. Começo por fotografar um assunto, ou por rabiscar ideias, fazer uns estudos, pensar em materiais e técnicas possíveis. Se, por acaso, “tropeçar” no trabalho de alguém que admiro, sou capaz de andar semanas a pensar como ele lá chegou e experimentar. Às vezes invento um bocadinho e descubro coisas engraçadas. Eu estou sempre a aprender!
As imagens surgem do meu interior como metáforas em modo macro e eu demoro-me na síntese
da ideia.
Normalmente é um projeto com variações sobre um tema, e quase sempre é a natureza. Depois vou escrevendo pequenos textos, que me ajudam a desenvolver a ideia e começo a escolher músicas para ouvir enquanto penso no tema, ou para a apresentação da exposição.
O que sempre me custa muito é terminá-los. Dizer assim: está pronto!
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Quem é o seu pintor/pintores preferidos?
Tenho muitos, muitos, muitos… e tão bons.
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Qual é a sua época preferida na pintura?
Não tenho. Admiro a História da Pintura em geral e as diferentes técnicas. Houve grandes pintores em todas elas. Aprende-se muito sobre luz com Rembrandt ou sobre abstração com Howard Hodgkin.
Maria Emauz, a Criativa
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Qual é o seu quadro preferido?
Tenho muitos preferidos, é difícil essa pergunta, no entanto,
não me importava de ter em casa um Anselm Kiefer…
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Qual é a sua peça de design preferida?
Impossível de dizer, tanto gosto de Art Deco como do Minimalismo Japonês, dou muita atenção a mesas, por exemplo.
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Considera que a pintura ou as artes plásticas deviam ser “obrigatórias” desde o início da vida escolar até ao fim?
Considero a descoberta da Arte em geral absolutamente “obrigatória” desde o início da vida escolar, mas não diria até ao fim… Não nascemos todos para a mesma coisa. Acho que até à adolescência devia ser curricular, tanto a pintura como a música. É nessa expressão que se aprende a conhecer o “Eu”, que mais tarde se posiciona no mundo, nessa área ou noutra qualquer. Nos dias de hoje, é muito difícil adquirir a competência “Ser Artista” em adulto sem formação anterior. O próprio mercado assim o exige.
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Se pudesse escolher uma galeria de arte, no mundo inteiro, onde pudesse expor as suas peças, onde seria?
Pois… pelo sonho vamos neste exemplo: Gagosian Gallery, em Londres.
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Quem gostava de ter conhecido (pode ser uma personagem histórica?
Gostava muito de ter conhecido a minha bisavó paterna Ausenda de Oliveira, atriz do princípio do século XX.
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O que vê no seu futuro profissional?
Vejo um percurso de trabalho a desenvolver, na esperança de um dia me sentir realizada!