Trocou a publicidade pelos interiores, no início dos anos 90, porque estava chegada a hora de ser mãe, projeto maior! Começou por trabalhar em casa, dividida entre as duas áreas, até que em 1998 optou pelo design de interiores. A entrevista à revista Urbana.
Fotografia: Bruno Barbosa
No início, e as grandes decisões têm sempre dois lados, Lígia sabia estar a deixar para trás a vida animada, e stressante, de agência de publicidade, e a abraçar um ritmo mais pausado, “uma vida calma, em que ligava a televisão para ouvir uma voz de fundo”, como nos conta entre risos, a partir do seu atelier, em Alcântara, Lisboa.
“Quando os clientes iam a minha casa elogiavam a decoração, até que um dia um amigo me disse que deveria começar a trabalhar em design de interiores, porque tinha imenso jeito. Na altura achei um disparate e nem me via a fazer interiores, até que ele e a noiva me pediram para fazer a casa deles”. A partir daí tem sido uma aventura que já dura há 24 anos.
Em que altura diria que aconteceu o ‘boom’ ou o maior reconhecimento pelo seu trabalho?
Quando em 2007 me convenceram a concorrer ao Andrew Martin. Enviei a candidatura e recebi um fax no início de 2008 com a resposta, o meu portfólio havia sido selecionado. Fiquei muito feliz porque os ‘Andrew Martin Awards’ são considerados pela revista ‘Time’ os óscares do design de interiores, e a partir daí tive a honra de ter entrado 8 vezes.
O que distingue os projetos com assinatura da Lígia Casanova?
Como designer que sou, procuro sempre criar um conceito para cada casa a partir das necessidades dos clientes; como designer gráfica, penso que uma casa é como um livro, em que cada parede funciona como uma página e tudo tem de bater certo e promover a harmonia. Por isso, a resposta talvez resida nos fatores simplicidade, harmonia e conforto dos mesmos. Hoje o nosso mote é ‘make room for hapiness’.
Que materiais e cores são hoje privilegiados nos seus projetos?
Materiais recicláveis, sempre que possível, orgânicos e ecológicos. Neutros, cinzas, azuis… e o verde, vou conseguir finalmente fazer uma casa em tons de verde!
Qual o projeto de maior envergadura feito até hoje?
Um que está a decorrer mas ainda está no segredo dos deuses.
Onde estão os seus principais clientes, em Portugal ou fora?
Estão aqui, embora tenha clientes estrangeiros em Portugal e clientes portugueses e estrangeiros a residir fora.
Como é que as pessoas chegam até si?
Através das revistas, das redes sociais mas essencialmente através dos meus clientes que recomendam o meu trabalho.
O que lhe falta fazer ainda?
Um eco-resort num lugar paradisíaco.
Um lema de vida
Nunca faças aos outros o que não gostavas que te fizessem a ti.
Os conselhos que daria a quem começa esta profissão?
Acreditar sempre que é possível e lutar pelos seus sonhos.
Um país que adoraria visitar e porquê?
Austrália e Nova Zelândia. A Austrália porque adorava fazer uma viagem pelo continente fora e porque tenho várias pessoas que admiro pela sua simplicidade e desapego como a Donna Hay e a Sibella Court, que penso saberem transmitir tão bem um tipo de vida com o qual me identifico. A Nova Zelândia por serem os nossos antípodas e ter paisagens de cortar a respiração.
Uma cidade ou país que quer voltar a visitar e porquê?
Lijiang, na China porque tem um lago, uma montanha e a cidade sagrada e é um lugar maravilhoso, com uma paz enorme.
O que mudaria em Portugal?
Tanta coisa, tenho o exemplo de país que quando estive numa crise enorme soube dar a volta, recorrendo às pessoas mais inteligentes e capazes para os fazer sair daquela situação, a Islândia. Um país com tão poucos habitantes e com uma capacidade enorme de união entre si.
Para deixarmos de estar na cauda da Europa, entre muitas medidas, uma delas é acreditar nos nossos profissionais e apostar neles. Temos tantos e tão bons nas mais diversas áreas! Além de que estamos na moda e temos de tirar partido disso (risos).