O projeto estabelece o diálogo entre a sofisticação cosmopolita e o sotaque brasileiro, sempre com a paisagem em destaque.
FOTOGRAFIA ANDRÉ NAZARETH / TEXTO ISABEL FIGUEIREO
O apartamento em cobertura da arquiteta Andrea Chicharo em Lisboa, prático e luminoso, passou por uma reforma radical, tanto na distribuição dos espaços como em todos os revestimentos, iluminação, hidráulica, armários embutidos, entre outros. Apenas as esquadrias e o telhado foram mantidos. A premissa? Tirar partido da vista e, na decoração, destacar a mistura de épocas e nacionalidades.No piso inferior estão o hall, a sala de estar e de jantar, a cozinha, uma suíte, dois quartos, uma casa de banho e um lavabo social. No piso superior, estão a suíte do casal, o mezanino e a varanda.
Foram três as mudanças estruturais, a sublinhar: a mudança do local da escada para que o quarto de hóspedes, que se transformou em home-theater, ficasse integrado na sala – e quando necessário, o espaço pode ser isolado por portas de correr; a mudança da entrada da cozinha – antes, a entrada ficava ao lado da porta de entrada e, no fim da cozinha, a área de serviço tinha vista para o Rio Tejo. A arquiteta fez a entrada da cozinha do lado oposto, perto das janelas, acabando com a área de serviço e aumentando a sala, e desta forma criou uma sala de jantar integrada à cozinha; finalmente, as paredes de um closet, que foram demolidas, no segundo piso, aumentando-se a casa de banho e deixando a suíte do casal bastante mais espaçosa.
Na sala, a arquiteta optou por colocar o sofá de frente para a vista e projetou um banco ao longo da parede para compensar a pouca largura da sala e criar o ambiente de estar. Toda a parede debaixo da escada foi revestida em espelho bronze para dar a sensação de amplitude. Andrea posicionou ainda duas poltronas de frente para a grande janela onde se avista o rio, criando um outro ambiente nesta sala.Toda a marcenaria fixa foi desenhada pelo escritório e feita sob medida. O piso do primeiro andar é cimentado e o do segundo é revestido com tábuas de madeira.
Subindo as escadas, avistam-se a varanda e a entrada para o quarto. Na varandinha, uma parede foi revestida com azulejos artesanais portugueses com desenho do século XVII e outra com um jardim vertical de espécies resistentes ao frio e ao sol. Como num sótão, a suíte tem teto inclinado. Na parte mais baixa da casa de banho, Andrea colocou a banheira, aproveitando assim cada canto do imóvel. Esta foi revestida com uma cerâmica escura, tipo aço corten, que faz contraste com o branco. As paredes de todos os quartos foram forradas com papel cinza claro e o home-theater tem papel de parede tipo couro. O uso combindo de mobiliário contemporâneo de várias origens – italianos e espanhóis, na sua maioria – mas com peças portuguesas em destaque, como a cómoda de madeira do século XVIII e o painel de azulejos do século XVII, logo na entrada, são de salientar. Os quadros são todos de artistas brasileiros.