Num prédio antigo em Lisboa, em casa de Dino Gonçalves, há espaço para tudo e muito mais. Aqui, mudanças e experiências acontecem todas as semanas!
Texto: Marta Lucena/Fotografia: José Manuel Ferrão
Minimalismo? Já ouviu falar mas não sabe para que serve. Já imaginou e chegou a tentar mas o conceito dá-lhe cabo dos nervos porque é uma afronta à sua natureza como decorador de interiores. Para o jovem e cheio de talento Dino Gonçalves, as decorações são sinónimo de encenações, exageros e sobreposições de tudo aquilo que mais gosta, desde os objetos aos tecidos.
Formou-se em Arquitetura na Universidade Lusíada de Lisboa, estudou Imagem e Protocolo, Gestão de Eventos e ainda Vitrinismo em Londres. Hoje tem um atelier próprio onde desenvolve trabalhos de interiores, decoração, protocolo para eventos e floral design para festas e eventos. Também já fez cenários para televisão e decoração de interiores em Londres, Luanda, Lisboa e Madeira. Marcas como a Dunhill, Barbour, Topázio e Wicktjones são marcas onde já deixou e deixa o seu cunho. Não para quieto.
E foi numa dessas idas e vindas, sempre de um lado para o outro, que viu o anúncio de aluguer. “A casa estava uma desgraça mas adorei o pé direito maior do que o habitual e gosto muito desta zona, a dois passos da Assembleia da Republica. Além disso, estava a precisar de mais espaço…“O apartamento é uma espécie de teatro vivo à imagem do seu proprietário: “Nada disto foi arranjado porque vocês vinham fotografar…eu vivo assim”.
Antes de mudar, fez algumas alterações como pintar quase todas as divisões de cinzento escuro como nas novas lojas Dior em Paris e apesar de ter pensado deitar abaixo uma ou outra parede como o tempo era pouco acabou por desistir. Em vez disso, decidiu tirar muitas portas (vinte no total) uma vez que a casa tem bastantes divisões pequenas, para assim ganhar amplitude e não mexeu no chão de madeira antiga original, gasta pelo passar dos anos. Aqui, juntou coisas que tinha guardadas num armazém, coisas que trouxe da casa anterior e outras que acaba de comprar.
Adora paredes cheias, almofadas feitas com todos os géneros de tecidos, objetos cómicos como as cabeças de veado, coisas caras e coisas baratas e misturas.
Em decoração não tem medo de nada e diz confiante que “a imponência não tem que passar pelo caro. Tudo o que tem um ar majestoso ultrapassa o feio e surpreende! Nesta casa inspirei-me num ambiente de alfaiataria típico de Londres, cidade da qual é um fã incondicional: onde melhor se mistura inovação e irreverência com chic e conforto”
Gosta de tudo o que não é óbvio e prefere não seguir tendências. Mas preocupa-se com a proporção das coisas, com a iluminação e com a escala. Se existe um decorador que não se anule é o Dino. Em todos os seus projetos trabalha com exagero (como ele próprio admite) e deixa a sua assinatura apesar de seguir as necessidades do cliente. E nada de frases feitas como “less is more” porque como mostra este seu canto recheado de objetos, há espaço para tudo e muito mais!