O projeto explora amplamente os rituais básicos da vida doméstica, sendo o jardim interno a peça-chave da construção.
Segundo a memória descritiva, via Archdaily; Fotografia: Shannon McGrath
Os arquitetos do Studiofour assinam o projeto de arquitetura desta casa com 500m² de área habitável, que emoldura o espaço ao ar livre promovendo a ligação da família que nela habita com o jardim.
Como tantos outros locais na periferia da cidade, também este oferecia os seus desafios, nomeadamente o tamanho e a orientação, especialmente com o seu jardim frontal virado a norte. A casa foi explorada como um único volume dentro do local, ‘perfurado’ com um jardim interno. Esta abordagem permitiu que a nova habitação voltasse as costas às propriedades adjacentes, todas próximas, e que a casa usufruísse das suas próprias vistas.
Ao romper com a forma central, os arquitetos permitiram que a luz do norte entrasse no local e na forma construtiva, sem comprometer a privacidade visual ou acústica da rua. Foi sua missão dar tanta importância à paisagem e aos espaços externos quanto a qualquer um dos espaços internos.
“Os nossos primeiros workshops estabeleceram que a paisagem seria não apenas o entorno da arquitetura, mas o centro dela. Captar a luz do norte e alcançar um alto nível de privacidade foi fundamental”.
A opção em ‘internalizar’ o jardim, não apenas dentro da forma construída, mas dentro do local, fez com que este se destacasse do ritmo típico dos quintais/jardins suburbanos circundantes, todos alinhados, dando origem a um espaço voltado a norte altamente privado, íntimo e seguro.
A entrada é definida por uma única abertura de altura total na fachada em branco. A fachada frontal funciona como uma tela, e capta as sombras e os reflexos de um grande carvalho.
Ao entrar, experimenta-se um limiar exagerado entre o interior e o exterior. Em contraste com a fachada modesta e simples, à chegada os espaços desdobram-se, passando pelas zonas privadas, de dormir, pelo jardim interno, culminando na sala principal, cozinha e zona de refeições.
O jardim tem de ser atravessado e vivido até se alcançar as principais áreas da casa. Localizado no centro da construção, tanto os visitantes como os seus moradores, à medida que se deslocam das áreas de estar para as áreas privadas, de dormir e zonas húmidas, são obrigados a este contacto com o verde.
As áreas privadas, casa de banho, quarto de estudo e leitura são intencionalmente escondidas das vistas internas, enquanto as áreas públicas, por contraste, são completamente abertas e ligadas ao jardim interno.
Outras ligações são feitas entre o jardim interno e o espaço ao redor da casa, proporcionando uma estratificação da paisagem e forma construída circundante.