Entre as irregulares empenas de um árido e estreito centro histórico figuravam as ruínas de uma casa abandonada, com a divisão original do século XVII, a qual recebeu, aleatoriamente, adições precárias com o passar do tempo. A proteção patrimonial afeta apenas a primeira parte da edificação.
Arquitetos: Harald Schönegger, Inmaculada González / Área: 402 m² / Fotografias: Fernando Alda /segundo a memória descritiva via Archdaily
Neste contexto, e com um programa único de habitação familiar, a intervenção procura recuperar a parte histórica da propriedade disfuncional e criar um novo habitat doméstico, sustentável e hospitaleiro, com especial atenção também para a orientação solar.
Além disso, o projeto tenta incorporar no terreno uma parcela do espaço verde que foi perdido na cidade. Para tal, a edificação é concebida como um recipiente contendo grandes árvores e o espaço aberto é estruturado em vários níveis planos ajardinados, deixando o manto vegetal cobrir pátios, terraços e telhados.
A anterior compartimentação opaca é substituída pela leitura clara da edificação atual onde o fragmento histórico – a primeira parte restaurada – e o novo, com duas peças diferentes de volumes transparentes, coexistem em um único ambiente.
Ao mesmo tempo, o histórico, o novo e o verde exterior fundem-se num habitat doméstico claro e unitário. Para este fim, a primeira parede interna é diluída com uma plataforma longa que suporta o piso de madeira e os novos pátios são fechados com peles translúcidas suaves que confundem os seus limites.
A alternância de compartimentos vazios e simples, com dupla fachada norte-sul, permite a ventilação cruzada e a luz solar, quase ausentes nas residências do centro histórico.
Juntamente com sistemas construtivos que melhoram a eficiência energética, as mudanças sazonais das plantas decíduas filtram o clima local extremo introduzindo, além do alojamento urbano, as variações de luzes e nuances do ambiente natural.