Por a 23 Novembro 2021

No sentido de modernizar um apartamento integrado num edifício de 1956, o coletivo Hinterland Architecture Studio redefiniu os espaços e renovou as infraestruturas, sem comprometer a linguagem original.

Arquitetura: Hinterland Architecture Studio / Fotografias: Ivo Tavares Studio / segundo a memória descritiva enviada pelos autores do projeto

O Apartamento de Santos Pousada está integrado no último piso de um edifício de habitação coletiva, desenhado pelos Arquitetos Arménio Losa e Cassiano Barbosa, construído em 1956 como prédio de rendimento. Originalmente planeado como a cobertura coletiva do edifício, o piso foi alterado durante a construção original para acomodar dois apartamentos simétricos, repetindo o esquema dos pisos inferiores. Esta adaptação programática é responsável pelas características formais mais singulares do apartamento, os elementos estruturais de betão armado expostos e a dimensão dos vãos exteriores que correspondem a 55% da superfície de fachada.

O objetivo da intervenção é a modernização do apartamento original, um T3 com 80m2 de área bruta, num T2 para um jovem casal com um filho, um cão, escritório e biblioteca, aumentando o conforto, eficiência energética e renovando todas as infraestruturas sem comprometer a linguagem moderna do projeto original.

A estratégia de projeto consiste em definir um espaço central agregador dos usos do apartamento que a família ocupa durante a maior parte do dia, aumentando a sua área através da demolição de paredes interiores. Neste espaço localiza-se a sala de estar, de jantar, biblioteca e escritório. A organização dos vários espaços é estruturada através de elementos de carpintaria de três tipos, elementos soltos no espaço, complanares com os planos verticais e divisórias que em alguns casos substituem paredes entre divisões distintas.

Os restantes espaços assumem um caráter secundário de apoio à zona comum, com as suas áreas reduzidas ao mínimo e paredes compostas por elementos de carpintaria que permitem otimizar o espaço para equipamentos técnicos e arrumação.

Os materiais escolhidos são maioritariamente definidos pelo projeto original, são recuperados os pavimentos originais em madeira e os vãos interiores não demolidos, os pavimentos de marmorite existentes são substituídos por novos que se prolongam como lambrins nas paredes que mantêm o acabamento rebocado. Os elementos de carpintaria em madeira natural recuperam o mogno da carpintaria original e os preenchimentos de platex esmaltado são substituídos por valchromat envernizado ou mdf lacado. As cores escuras da carpintaria equilibram a luminosidade natural do espaço introduzida pelos grandes vãos exteriores.

O peso que a carpintaria assume nos vários espaços através de grandes planos texturados permite anular o carácter de “apartamento de rendimento” com que foi concebido há 65 anos e assumir a sua transformação para habitação permanente e contentor das idiossincrasias dos seus habitantes.

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