Por a 23 Novembro 2021

A Casa Naila consiste num conjunto habitacional localizado num terreno de 740 m² localizado em Puertecito, uma pequena comunidade litoral de Oaxaca, a 20 km de Puerto Escondido. O terreno está inserido num lugar privilegiado, condição fundamental para a vista a partir da moradia com duas frentes para o mar. Pretendeu-se gerar o menor impacto possível no terreno, onde, devido ao uso da casa e do seu contexto, a maior parte das atividades quotidianas são realizadas no exterior. O projeto é assinado pelo coletivo BAAQ’ / J. Alfonso Quiñones.

Projeto: BAAQ’ / J. Alfonso Quiñones; Colaboradores: Inca Hernández, Itzae Carrasco, Ainhoa Jimenez, Alfonso Sodi, Liliana Tamayo; Desenho de arquitetura: Alfonso Sodi ; Fotografia: Edmund Sumner / segundo a memória descritiva dos arquitetos

O processo criativo da Casa Naila partiu da ideia de definir dois eixos composicionais, criando um pátio em forma de cruz que articula os quatro volumes que compõem o projeto. Estes blocos foram os principais aspetos para se conseguir uma integração adequada entre a arquitetura e o ambiente imediato.

Cada um dos volumes é constituído por edifícios isolados com diferentes alturas e coberturas inclinadas, alusivas à topografia rochosa e acidentada da praia. Procurou-se dar diferentes orientações aos espaços, de forma a permitir uma óptima circulação do ar e iluminação, para além de garantir que cada um dos utentes tivesse uma vista de mar.

O programa de arquitetura desenvolve-se tanto no interior como no exterior, procurando a eficiência espacial e funcional, onde o núcleo do projeto é constituído pelas zonas habitacionais, que se ligam às zonas privadas através do logradouro central e da piscina. Consegue-se, assim, uma casa simples, estética e de baixa manutenção, com capacidade para acomodar até 15 pessoas.

Os volumes do rés-do-chão são em betão armado aparente, pretendendo-se desta forma direcionar e enquadrar as vistas dos espaços a sul e a nascente. No piso superior, os espaços são constituídos por uma estrutura em caixilharia de madeira e osso de palma, material predominante na zona e utilizado como sistema construtivo tradicional nas casas vernáculas da costa de Oaxaca.

Devido às características climáticas da região, a utilização da palma e o uso de mosquiteiro permitem a permeabilidade e ventilação dos espaços, além de criar um interessante jogo de sombras e transparências durante o dia, e um contraste de luzes durante a noite, fazendo a casa parecer, ao longe, um farol na costa.

Um dos espaços fundamentais do projeto consiste na área da cozinha, que abriga um fogão de barro denominado Lorena, elemento tradicional retirado das casas rurais de Oaxaca. O bar e o posto de trabalho também foram feitos em terra, assim como os revestimentos dos pisos, proporcionando conforto térmico aos utilizadores e dando um aspeto natural aos espaços interiores.

Batizada com o nome da canção tradicional da costa de Oaxaca, a Casa Naila procura homenagear Oaxaca em todas as suas vertentes, desde a escolha dos materiais e sistemas construtivos, aos seus costumes e vivência dos espaços, e sobretudo pela forma como é construída.

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