Por a 5 Abril 2022

Resgatar detalhes originais e desenhar elementos contemporâneos adicionando um novo volume à história desta casa, para recuperar o espírito de outrora sem deixar de marcar o tempo de hoje. Um projeto de remodelação assinado pelo gabinete Palette Architecture.

Projeto: Palette Architecture / Fotografia: Emily Gilbert

Localizada em Brooklyn, Nova York, esta casa do final do século XIX precisava de atenção. Depois de os proprietários anteriores terem retirado os detalhes originais, algumas paredes e materiais, o espírito do edifício ficou confuso. Ao escritório Palette Architecture chegou o pedido de revitalização do seu caráter original, sem contudo esquecer o lado contemporâneo da história que se queria contar a partir dali.

“A abordagem arquitetónica foi dupla”, conta Peter Miller, sócio da Palette Architecture. A demolição da fachada traseira expôs as qualidades contrastantes dos níveis da sala e do jardim. Enquanto no nível superior foram mantidos muitos dos detalhes originais do edifício, no piso inferior isso não aconteceu. Foi colocado um “portal de metal” que contorna a abertura, como que a chamar a atenção para o contraste. No nível inferior, a incisão permite a continuação de um plano aberto. No nível superior, uma parede de vidro quadriculada quebra o caráter mais tradicional dos andares superiores, como se materializasse o limiar entre o antigo e o novo.

No piso térreo, a estética foi definida pelo pavimento em espinha de peixe, os detalhes dos armários da cozinha ou as linhas dos candeeiros. Programas auxiliares, como a despensa, as escadas que dão acesso à adega ou a casa-de-banho, preenchem um espaço estreito ao longo do lado oeste da cozinha.

Ao contrário do piso inferior, os pisos superiores são mais compartimentados e programados. No primeiro andar, quem chega é recebido num salão aberto, mas formal. Grandes portas abrem-se para uma biblioteca. Detalhes e cores distinguem a biblioteca e a sala, evocando o caráter original do edifício.

Uma escada de madeira remodelada liga o hall de entrada ao segundo andar, mais intimista. No topo da escada, um escritório adornado com estantes e um par de portas de vidro, leva a um terraço com vista para o jardim. O segundo andar também inclui a suíte principal, que contempla uma lareira, um segundo quarto restaurado e uma casa-de-banho revestida a mármore. No terceiro andar existem ainda dois quartos e casa de banho, cada um com revestimentos de parede e iluminação exclusivos.

Ao edifício original foi adicionado um cubo com pé direito duplo. “A forma do cubo permite uma variedade de espaços ao ar livre, e as aberturas cuidadosamente trabalhadas acentuam as relações com a envolvente”, explica Miller. “Por exemplo, a abertura de uma grande clarabóia na face superior do cubo, permite que os moradores acompanhem a passagem do tempo e do clima a partir dos espaços interiores.”

Em suma, “os elementos tradicionais dos andares superiores, contrastam com as qualidades simples e contemporâneas do piso térreo, do cubo e do jardim”, conclui Peter Miller. “No entanto, o cubo harmoniza todo o conjunto e funciona como mediador entre os espaços interiores e a envolvente”.

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