Viver (bem) em espaços claros e depurados

Cinco projetos que sublinham a beleza dos materiais, dos espaços, potenciando a geometria dos lugares, os programas, a luminosidade que os invade, que acentuam a sensação de bem-estar e de paz.

Casa Costa, Arquitectura-G

Um exercício para tornar uma varanda habitável em torno de um jardim no pátio. O terreno é cercado por muros de festa, e a fachada é apenas mais um muro que encerra um espaço interior que quer ser exterior. Projeto de Arquitectura-G.

Casa Verdi, Arquitectura-G

Dos mesmos arquitetos, projeto que tem como base a parte de trás de uma antiga fachada renovada na rua Verdi, em Barcelona, onde o branco é a cor dominante. Os níveis da casa confluem para o jardim das traseiras, onde o edifício mostra a sua verdadeira dimensão. A fragmentação dos diferentes níveis forma varandas interiores. Sobre este espaço central, uma clarabóia ilumina naturalmente os ambientes. As plantas estão presentes por toda parte, dentro e fora e desempenham um papel essencial na casa.

Piano Nobili Loft, Alepreda arq.

Neste apartamento em Itália, inserido num palácio do século XVI, abordam-se uma série de questões estruturais, sendo que a sua remodelação transformou o espaço num grande estúdio tipo loft com um mezanino.

A estratégia de projeto deixa a maior parte do plano do teto ininterrupto, recriando a escala do espaço original: outrora sala de estar do palácio, foi posteriormente dividida em pequenas salas. Formalmente, os volumes do WC e do mezanino expressam-se como objetos inseridos no tecido histórico. A paleta de materiais reforça essa distinção: marcenaria em gesso cartonado e folheado de madeira para as novas inserções; tijolo aparente para as paredes existentes. Pelo coletivo Alepreda.

Um apartamento em volumes

Do arquiteto e designer italiano Alessando Preda, merecedor de vários prémios (Dezeen Awards, 2021, Archilovers, 2021, Archello, 2021), o apartamento em volumes escalonados trata-se de um projeto de remodelação (Praga, República Checa). O processo de projeto e construção ocorreu durante a Pandemia e, como resultado, a equipa de projeto nunca conseguiu visitar e ‘experimentar’ o local fisicamente. Todo o processo, desde a idealização até à finalização, foi gerido remotamente. O briefing exigia a recalibração dos espaços dentro do apartamento de 80 metros quadrados. A planta original tinha apenas um quarto, e dois WC’s que davam, desajeitadamente, para um grande vestíbulo.

A unidade estava em muito mau estado e carecia de sistemas e acessórios modernos, exigindo uma reforma geral. A solução dos arquitetos passou por desenvolver uma arquitetura lúdica e específica tendo como referência o local, implantando “elementos inseridos” para abrigar novos programas, modificou a circulação, reutilizou elementos existentes (por exemplo, portas e pisos), sempre que possível, e introduziu aberturas internas para trazer luz aos espaços mais escuros. Todas as soluções teriam de ser simples, funcionais e económicas. A razão para usar uma geometria escalonada para esses “elementos inseridos” é dupla. Visualmente, as etapas diferenciam os novos volumes da malha existente. Pragmaticamente, as prateleiras formadas oferecem espaço para expor objetos ou para arrumação adicional. O uso da cor reforça a distinção entre geometrias existentes e inseridas, que são deixadas em branco.

Loft no Soho, Andrew Berman Arq.

Ocupando num andar inteiro de um notável edifício de ferro fundido no Soho (NY), esta residência mantém o caráter ‘aberto’ do loft original, tendo sido acrescentados os espaços mais discretos, exigidos pelo cliente. Localizado numa esquina, o loft ofereceu uma oportunidade única de usar a estrutura existente como meio de organização e enredar a organização original do edifício com os novos espaços internos.

A linha de colunas que atravessa o centro do espaço marca o principal meio de circulação. Paredes e aberturas colocadas com precisão encaixam-se na geometria dos vãos das janelas existentes, oferecendo vistas amplas de todo o espaço interior e dos edifícios e da cidade. Uma área de hóspedes e WC adicionais estão contidos num volume compacto situado no final do loft e serve como uma tela para a entrada do elevador privativo. Andrew Berman Architecture.