O escritório Inês Brandão Arquitectura assina o projeto da Cork House, uma casa na Aroeira, perto da praia, que agarrou como conceito a intenção de se integrar na paisagem de pinheiros envolvente, utilizando para isso a cortiça como revestimento principal.
Projeto: Inês Brandão Arquitectura / Localização: Aroeira / Ano: 2019 – 2021 / Fotografias: Tiago Casanova / descrição enviada pelos autores do projeto.
O projecto situa-se na Aroeira, área de pinhal na margem Sul do Rio Tejo. A sua proximidade à costa fez com que esta área se tornasse, a partir dos anos 70-80, numa zona predominantemente de habitação secundária, resultando numa intensa divisão ortogonal de lotes, que devastou uma grande área de pinhal.
O projecto parte da vontade de contrariar esta tendência de substituição de pinheiros por contruções, tendo como premissa a integração do edifício com a paisagem envolvente. Esta ligação materializou-se através da implantação escolhida para a casa e do uso da cortiça para revestimento principal – uma camuflagem entre os troncos dos pinheiros.
O programa que nos foi apresentado pelo cliente baseava-se no desejo de construir um lugar especial onde pudesse reunir a família e amigos. A casa por um lado, deveria ter um carácter prático e lúdico, que fomentasse uma vida social activa, e por outro permitisse e criação de um espaço de refúgio só seu.
A casa desenvolve-se em dois volumes, com direcções opostas – um corpo longitudinal de um piso para a área social e outro com dois pisos que contém a área privada da habitação. Estes corpos articulam-se através de um eixo principal de circulação que, partindo da entrada, estabelece uma ligação pontual com as áreas privadas, estendendo-se depois até a área social. No piso 1, através de um eixo perpendicular ao anterior, surgem os quartos de visitas, com acesso directo ao jardim sobre o primeiro volume.
Através da disposição destes volumes, o espaço vazio é dividido em diferentes áreas, proporcionando vivências distintas com várias escalas de privacidade. Destaca-se o espaço exterior central que, tirando partido de um grande plano envidraçado, se funde com a área social da casa.
Nas restantes divisões foi igualmente privilegiada a fluidez espacial entre interior e exterior e a iluminação natural, a partir da abertura de grandes vãos, segundo as orientações Sudeste e Sudoeste. Por outro lado, as fachadas a Nordeste e Noroeste, perfuradas por pequenas frestas verticais, funcionam como um segundo muro da casa, criando uma barreira visual com a via pública.
Na concepção do projecto foram tidos em conta os princípios da sustentabilidade, racionalização de recursos e design ambiental, através do uso de um conjunto de soluções passivas que contribuem para a redução de gastos energéticos da casa, tais como a definição da orientação solar adequada a casa uso, a promoção de ventilação e iluminação naturais e a utilização de sistemas de sombreamento exteriores (palas e estores reguláveis).
Do mesmo modo, o arranjo paisagístico da proposta teve em conta o clima da região e a escassez de água cada vez mais acentuada. Optou-se, assim, pela criação de um jardim do tipo mediterrânico, escolhendo plantas que não exigem muita manutenção, e evitando áreas relvadas – cobrindo o solo com gravilha e casca de pinheiro, garantindo a sua permeabilidade, sem necessidade de rega.