A cultura e a estética japonesa ditaram o projeto de transformação desta casa histórica australiana. Um pátio interior à volta do qual tudo gravita, tornou-se o centro nevrálgico desta residência, onde o som da água e do vento a bater no jardim de bambus, foi pensado ao detalhe.
Projeto: Ha Architecture / Localização: Austrália / Fotografias: Tom Ross
Era uma vez uma casa histórica, localizada em Hawthorn, perto de Melbourne, na Austrália, que foi transformada num santuário idílico e minimalista. O estúdio de arquitetura australiano Ha Architecture, foi o autor do projeto que, apesar das transformações, manteve a casa aparentemente e vista da rua, sem alterações.
Os clientes queriam um programa semelhante ao existente – uma casa com três quartos e uma ocupação semelhante à original. Nesse sentido, o projeto acabou por ter contornos de uma reconfiguração.
Da parte dos mesmos havia ainda uma crença sincera nos princípios orientais, por isso era imprescindível ser contemplado um estúdio de ioga voltado para o leste – e um onsen (espaço de banho) que estivesse relacionado com a natureza envolvente. A juntar a estes, teriam de existir também dois espaços de trabalho.
Devido à envolvente urbana em que a casa se insere, a materialidade exterior manteve-se, mas foi adicionado um caminho de acesso pelo lado oeste da casa e “esculpido”um grande pátio a partir do lado leste da mesma.
Segundo os autores do projeto, assim que se chega à casa – por uma entrada revestida a madeira -, existe um ambiente tranquilo que nos envolve. Portas ocultas levam aos quartos existentes (um dos quais foi reabilitado em jeito de honra ao projeto original) e um poço de luz chama a atenção. É o pátio que se anuncia.
São as experiências sensoriais desse pátio que melhor exemplificam a adequação da casa original à visão dos clientes: o som dos bambus ao vento; o gotejar da água corrente; a experiência temporal conforme a luz escorre pela madeira.
Telas e revestimentos em madeira conferem leveza em relação aos materiais pesados da casa original – e permitem que os habitantes se adaptem às mudanças das condições de luz e clima. Para além do pátio, existe um novo e dramático pavilhão com duplo pé direito, que serve como a principal área de estar da casa. O pátio sul foi minimizado, e agora serve de pano de fundo para as zonas de estar. Por toda a casa, vistas emolduradas de uma sequência de espaços ajardinados evocam ainda mais o ambiente de tranquilidade almejado pelos clientes.
De salientar que o projeto de paisagismo resultou de uma colaboração entre clientes, paisagista e arquiteto. E que desde o início, a cultura japonesa foi o centro espiritual e estético da casa. Os arquitetos destacam o espaço de banho do conjunto, por ser um ambiente que permite tanto uma experiência de banho isolada, como uma visão holística do pátio. Existe ainda um Jardim Seco que requer um mínimo de irrigação, e garante a possibilidade de um amplo armazenamento de água da chuva.
A casa resultou também de princípios e decisões passivas, como o reforço do sombreamento solar exterior, as janelas termicamente isolantes e aquecimento por bomba de calor elétrica, entre outras.
Em suma, a Casa Pátio beneficia do investimento dos clientes num projeto pensado com longevidade, e que reflete a história das suas viagens e a sua filosofia pessoal. É um refúgio harmonioso e pacífico – contido discretamente no meio das ruas de Hawthorn.
Hometour em vídeo
Descubra mais sobre este projeto, nesta visita guiada feita pelos arquitetos autores do projeto.