Impulsionada por um cenário histórico excepcional, Marie-Anne Derville combinou peças de mobiliário de diferentes épocas e estilos, ilustrando o seu gosto pelo ecletismo.
Fotografia: Matthew Avignone
Depois de uma estreita colaboração de sete anos com o designer de interiores Pierre Yovanovitch, Marie-Anne Derville assina o seu primeiro apartamento. A decoradora francesa e diretora criativa de design de interiores trabalhou como “ensemblière” – coordenando os vários elementos de decoração com base numa escolha estética e funcional.
O apartamento em causa, cujo design foi criado pela mítica designer de interiores Andrée Putman no final dos anos 1990, fica localizado no Marais, dentro do Hôtel d’Hallwyll de Claude-Nicolas Ledoux, ainda hoje admirado como um exemplo puro da arquitetura neoclássica do século XVIII e considerado um dos mais elegantes de Paris.
Impulsionada por este cenário histórico excepcional, Marie-Anne Derville combinou peças de mobiliário de diferentes épocas e estilos, ilustrando o seu gosto pelo ecletismo. O resultado é uma decoração que procura a harmonia nos contrastes e joga com a subtileza de um diálogo entre formas, materiais e temporalidade. A Art Deco combina-se assim com os anos 80 e integra-se neste ambiente aninhado no puro classicismo do século XVIII.
A decoradora, que herdou o gosto pelo ecletismo dos seus mentores Jacques Grange e Pierre Yovanovitch, revela através desta obra o seu estilo próprio e o seu amor pela história das artes decorativas francesas, italianas, suecas e americanas.
Graças à sua energia magnética, este interior vivo e cheio de história tornou-se o ponto de encontro de um círculo de amigos, todos os atores da cena cultural e artística parisiense: galeristas, decoradores, designers, artistas, editores, escritores… Um lugar que produz encontros, festas e efervescência artística, à imagem do que outrora se chamou “salão”.
Originalmente concebido para um proprietário elegante e profundamente “open mind”, o apartamento foi um “exercício de estilo” que convida a olhar para os detalhes, tanto lúdicos como conceituais. Tudo é desconcertante: a circulação e os volumes, a associação de materiais ricos e pobres, as mesas de cada lado da espetacular lareira de mármore, a cozinha pensada como uma cabine de um barco abrindo-se para o imenso terraço e a mítica banheira…