Por a 4 Abril 2023

O coletivo LC.SR  assina o projeto de reabilitação desta casa repartida em três construções em Almoinhas Velhas, no concelho de Cascais.

Fotografia: Lourenço Teixeira de Abreu / segundo a memória descritiva

A “Casa da Eira” é um projeto de reabilitação com cerca de 650m² de área construída, repartida em três construções distribuídas pelo lote de terreno de 2070m². O projeto transforma este conjunto edificado — que foi surgindo ao longo de anos, acompanhando o declive do terreno e fundindo-se com os afloramentos rochosos existentes — numa casa para uma família em mudança de estilo de vida.

Segundo o atelier, o principal desafio consistiu em encontrar o equilíbrio entre manter a essência dos espaços construídos, onde era notório o respeito pelo espaço e pela envolvente, pelo enquadramento dos vãos e a escala dos volumes, e acrescentar um maior conforto, respondendo às particularidades da nova família.

A intervenção focou-se em dar uma leitura uniforme aos vários espaços, utilizando materiais contínuos e mantendo uma linguagem rústica de superfícies irregulares. Estenderam-se os pavimentos em terracota nas zonas sociais, propôs-se uma única madeira escurecida para os quartos e, nas instalações sanitárias, surgem as monomassas de cores neutras em conjugação com madeira. O conforto da casa foi acrescentado com a introdução de pavimentos aquecidos, isolamento térmico, recuperação de salamandras, renovação de janelas e requalificação total das zonas de águas.

Funcionalmente, a organização sofreu apenas alguns ajustes. Esta centra-se no hall de entrada da casa, que se abre para as imponentes pedras de granito rosa, com uma pequena biblioteca elevada. Este espaço funciona como elo entre os vários níveis da casa. Daqui desce-se para a zona social, acedendo-se à sala, marcada pela lareira rebaixada, pelo seu amplo pé-direito com treliças de madeira e que culmina numa grande varanda. A um nível intermédio desenvolve-se a cozinha, onde o objetivo foi procurar mais confronto entre os elementos rústicos pré-existentes e uma cozinha que se pretende modernizar. Optou-se, assim, por colocar os novos elementos em cinzento-escuro realçando os elementos de madeira, a terracota e as portas antigas.

Ainda a partir do hall, é possível subir para o que outrora foi um apartamento e onde a intervenção foi mais profunda. Este andar foi transformado na suite principal, pela sua posição privilegiada, possibilidade de funcionamento independente e aproveitando a varanda sob a entrada, com vista de mar. Procurou-se nesta suite uma leitura ampla do espaço que se traduziu numa maior permeabilidade entre os espaços de vestir, dormir e casa-de-banho.

Os restantes quartos surgem nos vários extremos da casa. Cada quarto foi entendido como único e procurou-se potenciar as suas singularidades, desde o óculo para a vista, o quarto da zona mais alta da casa que desfruta de uma vasta abertura para o vale ou o quarto/atelier na zona mais recatada do terreno.

No exterior, numa cota intermédia, aproveitando a parede rochosa surge a construção que se transformou em escritório. À entrada reabilitou-se a casa de hóspedes e introduziu-se um espaço de arrumos e lavandaria.

No jardim, reconfiguraram-se os percursos, delimitando-os com muros de pedra emparelhada e pavimentando-os com pedra rústica. Nas zonas de permanência, utilizou-se a gravilha ou o pavimento em terracota junto à piscina, à semelhança do resto da casa, e privilegiou-se a vegetação local com maior preocupação pela gestão dos recursos.

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