Por a 24 Maio 2023

Com três níveis, o apartamento que mostramos de seguida foi alvo de uma remodelação que evidencia o gosto de quem ali habita pela combinação de peças de muitas paragens com a atmosfera industrial.

Decoração: Coisas da Terra / Fotografia: António Moutinho / Produção: Amparo Santa-Clara / Texto: Isabel Figueiredo

No último andar de um edifício, em Cascais, este triplex de 200m2 reconforta o olhar e a alma. Lá fora, a mancha de verde comum e a piscina privada dizem-nos estarmos sempre de férias. Dentro de casa, as peças, cores e texturas relembra-nos as muitas viagens empreendidas.   

Dividido em três pisos, o apartamento nem sempre foi como está hoje. Adquirido há 27 anos, data da sua construção, pedia uma revisão ao nível do layout e da decoração, algo que apenas foi feito decorridos alguns anos. Para tal, os seus proprietários confiaram na experiência de Rosarinho Gabriel, da Coisas da Terra, que se ocupou de repensar a forma como os espaços iriam, doravante, comunicar, interagir e funcionar, permitindo uma casa mais confortável e prática, resolvendo alguns problemas de arrumação e de aquecimento, há muito necessários.

Para tal, foram demolidas algumas paredes, redesenhada a circulação e fluidez, repensados os materiais e revistas as questões técnicas, a pedir reforma.

Hoje, a entrada faz-se pelo piso dos quartos onde o corredor dá acesso à suíte e a outros dois quartos, que partilham uma casa-de-banho. A partir desta entrada, e galgando alguns degraus de acesso ao hall, alcança-se a sala com cozinha integrada, uma proposta de plano aberto constante do projeto de remodelação.

Mais uns degraus e acedemos ao mezanino equipado com escritório, que espreita a sala, em baixo. Neste mezanino, há espaço para mais um quarto, uma casa-de-banho e um terraço com uma pequena piscina e um chuveiro de água quente, tantas vezes usado.

“A casa estava a precisar de obras estruturais e já não nos identificávamos com os acabamentos e a decoração”, contam-nos. “Além disso, tínhamos muitas peças de família, pouco úteis, que imprimiam um ar pesado aos espaços; muitas cómodas, muitas cadeiras, muitos quadros, muitos objetos e pequenos recantos que acabavam por ser espaços mortos, não facilitando em nada a limpeza e manutenção da casa”, explicam.   

Por tudo isto, às obras – que incluíram opções de materiais mais modernos, como o microcimento e o ferro – juntaram-se algumas peças trazidas de África, assinalando o gosto por uma decoração mais simples e étnica, além de outras que a avó da proprietária fui juntando das suas viagens. Este ecletismo bem patente em quase todos os espaços do apartamento é ainda visível nos objetos   adquiridos, ao longo dos anos, na Coisas da Terra, “showroom muito inspirador”, sempre a pensar numa futura remodelação.

Este novo estilo acabou por estabelecer um diálogo mais contemporâneo com os materiais usados nos revestimentos, com as madeiras, com a nova caixilharia, com as cores selecionadas. Das várias peças destacadas, a dona da casa aponta algumas com história, nomeadamente a sua preferida, “o espelho que herdei do meu pai e que, segundo ele, pertenceu a um palácio de Napoleão”.

Mas nesta escolha figuram ainda espelhos, máscaras étnicas, chapéus de várias origens, talhas antigas douradas misturadas com tábuas velhas, cadeirões com moldura em ouro velho, combinados com cadeiras mais modernas.

“Gosto de misturar o étnico com o antigo, com algumas peças mais modernas, com o industrial e com coisas ‘velhas’, de uso diário, que reciclo. Um escadote de pintor que trouxe de casa do meu pai, as caixas antigas de chapéus da minha avó, as caixas de lata ou de madeira velhas, muitos livros antigos, utensílios de cozinha e tantas coisa que compro em ferros-velhos de beira de estrada na Comporta”, elucida.

Apesar de estarmos num apartamento, aqui a sensação é a de viver numa casa independente, “por ser último andar, por se dividir em três níveis, pela altura do pé direito e pela privacidade que temos”, diz-nos. “Posso estar no terraço sozinha ou na varanda da sala que ninguém me vê”! Que privilégio, acrescentamos.

Mas o principal, comenta em jeito de resumo, o que adoram, é o conforto, o lado prático do lugar. “Gostamos de sair, mas gostamos mais ainda de voltar… sempre que chegamos a casa, mesmo que seja do lugar mais espetacular do mundo, temos sempre aquela sensação de ‘como é bom e que saudades que tínhamos da nossa casa’.”

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