Chama-se Hôtel des Dunes, é o mais antigo de Cap-Ferret, e a sua história abre agora um novo capítulo. Dos padrões de riscas às venezianas, tudo foi pensado para transportar o hóspede para uma casa de férias, onde a elegância e a intemporalidade andam à boleia do surf.
Interiores: Delphine Carrère / Fotografia: Gaelle Tronquit
Situada num promontório repleto de pinheiros, a elegante zona de Cap-Ferret viu renascer o seu mais antigo hotel, que remete agora para a descontração da costa californiana e que aninhado nas dunas, se relaciona com a natureza e com a cultura de surf local. É o renovado Hôtel des Dunes e a simplicidade e carisma, são a sua força motriz.
Mas andemos um pouco para trás. Karine Tiphagne Hecquet e o seu marido, Jean-Philippe, descobriram a península de Cap Ferret há 25 anos. Ela, especialista em comunicação e consultora; ele um profissional de marcas de luxo, passavam os verões em Cap-Ferret e faziam escapadinhas para a meca do surf, o Havai. Viajantes de coração, com o passar do tempo estabeleceram-se no Canadá e em Nova York, e acabaram apaixonados pelos Hamptons, por Montauk, Califórnia, Malibu, Monterrey, Santa Cruz e San Diego. Em cada temporada de férias, a família rumava para hotéis à beira-mar. “Espaços de estar autênticos e sem luxos, projetados em contraste com as cadeias de hotéis padronizadas”, lembram. Num retorno a França em 2015, o casal redescobriu as alegrias de Cap-Ferret, e esse foi o ponto de viragem.
Karine e Jean-Philippe recordam que o Hôtel des Dunes é o hotel mais antigo da península e foi inaugurado em 1969, numa época em que Cap-Ferret ainda era apenas uma vila de pescadores. Em 2022, o hotel, com mais de 50 velas no bolo, procurava uma nova história para se reescrever. Karine Tiphagne Hecquet tornou-se a orgulhosa proprietária.
Reunindo as suas melhores memórias, Karine infundiu neste projeto um desejo simples: trazer de volta o espírito e a cultura do surf tão afastados do hotel e da história de Cap-Ferret, entrelaçados com uma nova elegância intemporal. “Naturalmente, sonhei com o Hôtel des Dunes como uma casa cheia de família e amigos, uma atmosfera calorosa e de convívio. Um hotel onde se pode encontrar com quem mais se gosta, onde se pode regressar com os amigos todos os verões, onde nos sentimos à vontade e onde a decoração e os serviços foram pensados ao mais ínfimo pormenor.”
Em Cap Ferret, Karine conheceu Delphine Carrère, uma arquiteta nascida em Paris e que havia 25 anos se tinha mudado para Cap-Ferret para começar o seu estúdio e a sua família. A colaboração entre as duas começou quase de imediato. Carrère desenhou um espaço alegre e descontraído, inspirado nos valores do surf e feito por medida, com ambientes elegantes.
A entrada acontece por entre palmeiras e todo o edifício remete para as cabanas sobre palafitas típicas de Bassin d’Arcachon – uma baía do Oceano Atlântico na costa sudoeste da França onde se pode ver estruturas de madeira que servem para vigiar os “parques de ostras”.
As riscas dominam os espaços – seja em amarelo, verde pinho ou azul oceano. E os azulejos zellige misturam-se com a madeira das venezianas. Restaurado da cabeça aos pés, o pavimento em parquet e a carpintaria foram remodelados pelos melhores artesãos da zona. O ambiente é o de uma casa de férias, com check-in para dias de felicidade. “Um momento longe do mundo”, diz Delphine Carrère, “para descansar, comer, ler um livro e sonhar”.
Do lobby pode avistar-se a sala de refeições e a sua esplanada. Cada manhã começa com um petit déjeuner onde se pode desfrutar de todos os tipos de pão, da melhor charcutaria do sudoeste francês, de fruta deliciosa, granola e barras de cereais orgânicas, mel caseiro, bolos feitos na hora e omoletes feitas por medida.
Com 11 quartos e 2 suites, a maioria dos quais virados a sul e que se prolongam por terraços ou varandas privativas, a decoração assenta no essencial. Os ambientes são frescos, inundados por uma luz quase divina, alguns apontamentos de cor e no pavimento de parquet branco pousam móveis de pinho feitos por medida, cabeceiras gráficas, detalhes em juta ou rattan, alguns espelhos de vime e fotografias de um grande nome da cultura do surf, Sylvain Cazenave.