Cots deu-lhe o nome de “Citric House” e remodelou-a criando espaços que evoluem, que se relacionam e que são banhados a luz natural. Tudo debaixo do chapéu da inspiração artística e tendo na madeira um elemento central e condutor.
Projeto: Susanna Cots / Fotografia: Mauricio Fuertes
O mais recente projeto de Susanna Cots, é uma residência de linhas que procuram a natureza, a ordem e a luz, e de espaços que evoluem, que são permeáveis às várias etapas da vida e que se relacionam com o dia, tanto como com a noite. No fundo, Cots volta a materializar nos seus interiores conceitos que trabalha com frequência, como o bem-estar e a atenção plena.
Sobre a “Citric House”, Susanna Cots explica que procurou criar relações subtis através dos materiais, ao mesmo tempo que assentou o seu design no binómio distribuição-emoção, tudo debaixo do mesmo chapéu – o da inspiração artística.
Com 350m2, o apartamento que ocupa o último piso de um edifício em Valencia foi um projeto de remodelação. A maior transformação, foi ao nível da criação de fluidez – para isso foram removidas divisórias que, segundo Cots, “hiperfragmentavam a luz em partes que queriam ser uma só”. O segundo passo, conta, foi olhar para cima, o que motivou a abertura de claraboias na zona da entrada.
A luz era fundamental. Um dos grandes objetivos do projeto era o de que a luz natural acompanhasse quem entrava em casa desde a porta da entrada. Essa receção, deveria ser acompanhada por uma intervenção da natureza – e foi assim que nasceu a estufa de vidro, que enquadrada como uma cápsula, percorre todo corredor.
A relação entre o interior e o exterior também foi aqui de extrema importância. Esta união foi potenciada pela escolha do pavimento, que guia de dentro para fora – onde estão terraço e piscina – e que se compõe por uma peça única em porcelanato.
A cozinha, a sala e um pequeno escritório formam um open space, também ele inundando de uma luz que evolui pelas divisões. Todas elas, foram pensadas para poderem ser usadas, nesta relação entre interior e exterior, durante todo o ano. “No inverno somos acompanhados pelo calor que vem da lareira da pequena sala. No verão podemos usufruir da piscina que ocupa um lugar central no terraço”, explica Cots.
Por último, Susanna Cots destaca o uso da madeira como conceito central da casa e o fio de um diálogo natural. É ela que sustenta um certo equilíbrio que vai do pavimento até aos pormenores onde se cria o ambiente de ligação familiar: a parede da sala, o balcão de pequenos-almoços e mesa da cozinha e as estantes do escritório.
O diálogo com este nobre material prossegue pelos espaços noturnos, sendo utilizado como o elemento que define o quarto principal.
É aqui, no quarto principal, que encontramos mais uma instância da cápsula de ferro, mais uma intervenção artística para introduzir a natureza no espaço.
Porque uma família é composta de várias pessoas e cada uma tem uma voz e uma expressão, a casa expressa isso mesmo, nomeadamente na escolha dos revestimentos.
Desde os quartos das crianças – com as suas cores intemporais mas ousadas, passando pelos diferentes tipos de papel de parede na casa de banho das meninas e os detalhes florais na cómoda da suite principal, até ao design de autor que encontramos na casa de banho de hóspedes.
Cada quarto para as crianças foi projectado para complementar a sua idade. Assim, verificamos que dois deles partilham uma casa de banho enquanto o filho mais novo partilha uma porta directa para o quarto dos pais, que futuramente poderá ser transformada numa parede.