Por a 8 Junho 2023

Em jeito de comemoração pelo Dia dos Oceanos, hoje a inspiração vem do mar, com uma remodelação acolhedora e descontraída, numa casa de praia a sul que recebe a todos com um espírito livre.

Texto: Isabel Figueiredo / Produção: Amparo Santa-Clara / Fotografia: José Manuel Ferrão

Localizada no centro da aldeia da Comporta, esta casa de férias foi adquirida depois de finalizadas outras empreitadas, com o objetivo de alojar uma jovem família durante os seus momentos de descanso. Para além disso, teria de estar a uma curta distância a pé dos principais serviços. “Com um filho pequeno, não queríamos ter de utilizar o carro para nos deslocarmos à praia ou aos restaurantes”, dizem-nos. Além da desejada centralidade, era igualmente procurada uma casa cuja dimensão não obrigasse a muita manutenção. “Teria de ser o mais acolhedora possível”.

Dividida em três quartos, uma cozinha, sala, três casas de banho e uma área de serviços, utilizada para as tarefas domésticas, a casa tem projeto de arquitetura do arquiteto Marcelo Galego, em colaboração com a dona da casa, que é também a autora do projeto de interiores.

O trabalho de remodelação do edifício preexistente assentou, basicamente, na redistribuição dos espaços e na aplicação de novos acabamentos, que incluiu ainda a seleção de outra paleta cromática. Havia que dotar a casa de mais amplitude e fluidez entre as áreas, de fazer com que a luz natural chegasse à maior parte dos seus espaços. “A casa pertencia a um casal com alguma idade e estava muito bem cuidada, mas não ao nosso gosto. Tinha muitas divisões que a tornavam ainda mais pequena, acabamentos de que não gostávamos e exibia algumas cores que também não eram da nossa preferência”. Foram, por isso, demolidas as paredes do hall da entrada, bem como a parede da cozinha. Todas as casas de banho e duches foram refeitos, bem como revistas e modernizadas as instalações elétricas. Da mesma forma, foi redesenhado o jardim, que estava praticamente despido de vegetação, revestindo-se as placas cimentícias do chão por diferentes tipos de pedras, bem como mandada construir a piscina.

“A casa também não estava equipada com ar condicionado, pelo que foram instalados equipamentos de A/C em todas as divisões”, prosseguem. “No interior, também optámos por colocar novo chão, substituir as portas e acrescentar algumas janelas”.

Havia ainda que aumentar o espaço, especialmente o das casas de banho, que eram exíguas, e aproveitar bem as áreas atrás das portas, por baixo das escadas. 

A localização, a atmosfera ‘easy living’ e o facto de hoje a casa ser mais funcional, com o tamanho certo para os períodos de descanso, constituem parte das suas valências. “Tem o essencial, sem ser muito pequena nem demasiado grande.  Tem uma garagem, com espaço para apenas um carro, o jardim, um tanque, espaço de BBQ com uma mesa exterior e, acima de tudo, está perto dos principais serviços e da praia, é fácil de viver e de manter”, descrevem. “Podemos passar férias com os nossos amigos sem sequer nos preocuparmos com a casa, de que forma escolhemos ir à praia ou a que horas. Cada um faz a sua vida e pode estar totalmente independente. E quando um de nós quer regressar a casa, pode fazê-lo sem ter de depender dos restantes, seja a pé ou de bicicleta – temos bicicletas para o efeito e raramente usamos o carro, nem mesmo os nossos hóspedes”, contam.

Em linha com este conceito e a descontração que lhe é inerente, os acabamentos escolhidos nos interiores refletem o mundo natural. “São uma mistura de madeira, ráfia, juta, palha ou linho”. A paleta de cores, por seu turno, presta um claro tributo aos azuis do mar, “para pensarmos que estamos sempre de férias mesmo que aqui estejamos só durante o fim-de-semana”.

Ao nível do mobiliário, os aparadores, as mesas da cozinha e do exterior, bem como a mesa baixa da sala, as consolas de apoio e toda a cozinha foram feitos à medida. Para além destes, os portões, a pérgola e as vedações foram produzidos em Arraiolos e todas as peças de decoração são peças únicas, feitas na Comporta e em Azeitão. “Reaproveitámos algumas lianas para fazer os corrimãos e os cabides dos roupeiros – e até para ganhar espaço – mas no cômputo geral, tudo aqui é nacional, aliás como em quase todas as nossas obras”, salientam. E esta opção estende-se à piscina, com apenas 6×3 metros, com tijoleira portuguesa, bem como às louças do duche. Lá fora, tudo foi repensado: “O espaço exterior era inexistente e foi criado quase de raiz pela minha mulher, inclusive as plantas e as árvores foram escolha sua”, diz-nos o proprietário.

A ideia de ter um tapete apenas de areia contribui para acentuar o ambiente típico da Comporta, imitando as dunas, “como se nunca tivéssemos de sair da praia”. A pérgola foi colocada junto ao espaço de BBQ para um usufruto democrático: “Mesmo aquele que se ocupa do assador está ‘praticamente’ sentado à mesa com os restantes”.

Os nossos interlocutores confidenciam que a cozinha e o terraço, acessíveis pela porta que dá para o pátio, e que tanto facilita a circulação naquela zona, são as zonas da casa mais frequentadas. Até mesmo durante os meses de inverno, graças à forma como este espaço está abrigado pelos muros e pelo próprio edifício. 

E sublinham, em tom de despedida: “Essa foi sempre a ideia que norteou o projeto desta casa, que fosse acolhedora e descontraída, que não nos obrigasse a uma manutenção demorada ou regular, porque aqui o objetivo é, tão-só, usufruirmos e divertirmo-nos dentro e fora dela”.

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