Concebida como um todo, desde a arquitetura ao mobiliário, esta casa é um jogo de equilíbrio entre os materiais, a volumetria, os tons e a tradicionalidade do bairro onde se insere. Talvez seja por isso, dizem os autores do projeto, que vivenciá-la seja inesquecível.
Projeto: Vasco Lima Mayer Arquiteto / Fotografia: Alex Bogorodskiy / segundo memória descritiva
Esta casa tem uma presença que se faz sentir, porque é provocativa no bom sentido. Situa-se no bairro do Casalinho da Ajuda, em Lisboa, zona que ainda preserva a vida paroquial lisboeta. A fachada da casa também remete para uma pré-existência que optámos por destacar. Onde antes havia uma parede entre dois vãos, agora abre-se a porta de entrada, tornando a experiência improvável desde o início.
A construção é feita em altura, com quatro pisos unidos por uma escada que é um objeto em si, traçada com linhas retas e curvas, e que cumpre a sua função de forma fluida.
Ao entrar, no rés-do-chão, deparamo-nos com a zona da sala e cozinha, um espaço aberto e espaçoso, pensado para ser vivido como uma sala comum, criando um ambiente confortável. Ao correr as janelas, temos acesso a uma varanda coberta, virada a sul, por onde entra a luz do sol durante a maior parte do dia, e de onde se pode contemplar a vista para a tapada da Ajuda.
No piso -1, dois quartos acolhedores abrem para um terraço privado com um pequeno jardim cujas plantas verdes os enchem de natureza. Aqui, sente-se uma paz que te faz esquecer o resto do mundo. Uma casa de banho desenhada dentro do mesmo conceito de simplicidade, confere aos quartos uma certa independência.
No primeiro andar está instalado o local de trabalho, um atelier espaçoso, também com varanda e vista desafogada. Móveis de madeira maciça e tons acastanhados fazem deste espaço o local ideal para a criação.
Subindo para o sótão, há um canto com teto inclinado e uma janela no meio. Este é definitivamente um lugar diferente. Projetada para ser a suíte principal da casa com cama de casal ao centro, permite assistir a um espetáculo inigualável ao abrir a janela para ver as estrelas no céu noturno, ou sentir o sol pela manhã.
Concebida como um todo, desde a arquitetura ao mobiliário, esta obra é um jogo de equilíbrio entre os materiais utilizados, a volumetria dos espaços, a sobriedade dos tons e a tradicionalidade do bairro onde se insere. Talvez seja por isso, e por se tratar de um projeto que aposta em tudo o que não é óbvio, que vivenciar esta casa seja algo ao mesmo tempo agradável e inesquecível.