Joana Dalmau Pinto é arquiteta, mãe de duas crianças e fundadora – a par com mais dois sócios – do estúdio de arquitetura algarvio Studioarte. Localizada em Silves, a sua casa existe hoje onde outrora estava um armazém abandonado.
Projeto: Studioarte / Fotografia: Luis da Cruz / segundo memória descritiva
Criada com o intuito de se tornar a casa de família da arquiteta Joana Dalmau Pinto do atelier Studioarte, esta unidade habitacional personifica a aspiração de transformar espaços urbanos devolutos, como armazéns abandonados nos centros das cidades, em casas espaçosas e funcionais que desafiam os paradigmas tradicionais do conceito de casa.
Situada no coração de uma das cidades mais antigas de Portugal, Silves, este projeto surgiu como um duplo desafio, tanto profissional como pessoal, de transformar um armazém abandonado no que seria a sua casa de família.
A ideia assentou em remover a cobertura dum edifício com cerca de 180 m² e criar uma célula habitacional dentro da casca existente, procurando, por um lado, a melhor forma de criar zonas e espaços definidos, abertos ou fechados, interiores ou exteriores, visíveis ou ocultos, numa hierarquia nada arbitrária, apta a definir a vivência da habitação como um ato livre e de conexão entre quem a habita e mantendo o caracter de open-space, com pé direito duplo e uma amplitude espacial generosa.
E, por outro lado, oferecer a quem habita a casa a ideia de que pode usufruir, a qualquer momento, de toda a sua espacialidade, de forma extremamente privada mas também bastante rica em luz natural, que chega através dos grandes vãos do piso térreo e de uma entrada de luz zenital, no topo da caixa e também de aberturas no piso superior.
O acesso à residência é feito através da casca pré-existente, onde a fachada do antigo armazém foi cuidadosamente preservada. A entrada leva a um pátio de acesso ao espaço interior, adornado com uma pequena piscina rodeada por espaço para sentar e usufruir da tranquilidade do ambiente, emoldurado por plantas de porte médio com folhagem ampla.
Deste átrio exterior, a casa revela-se como uma entidade totalmente permeável – uma estrutura minimalista e despojada – com os seus limites materializados através de panos de vidro que, quando abertos, dissolvem a barreira entre o interior e o exterior, interligando os dois pátios situados em lados opostos, com o espaço interior.
A zona social estende-se por todo o piso térreo e é definida por: sala, instalação sanitária, espaço multifunções e uma cozinha em open-space – que se abre tanto para a zona da sala, com um balcão onde quem cozinha surge como protagonista principal; como para o pátio exterior no tardoz do edifício, que possui o caracter de zona de refeições exterior, com um longo banco em betão queimado em toda a sua largura e plantas; como ainda para um espaço de lavandaria / estendal que se encontra oculto.
As escadas, que interligam os dois pisos, tornam-se um elemento central destacado ao espreitarem para a zona social através de três molduras criadas na parede que as ladeiam, desembocando no mezanino do piso superior, cuja funcionalidade abraça a versatilidade num ambiente menos isolado. Mais resguardados, surgem dois quartos e uma instalação sanitária de apoio, que mantem o conceito da simplicidade formal, com um twist através da integração dos mosaicos hidráulicos tradicionais fabricados na região do Alentejo.”