Hotel Pieve Aldina

O coletivo Pierattelli Architetture projetou o hotel boutique Pieve Aldina, do grupo Domaine de Fontenille, um projeto contemporâneo que nasce a partir da renovação de um complexo episcopal do século XII, no coração da Toscana.

Texto: Isabel Figueiredo / imagens cedidas

Radda in Chianti, uma cidade na província de Siena, na região da Toscana, pouco mudou ao longo dos séculos. Entre colinas suaves, olivais e vinhedos, o cenário quase intocável inspirou os arquitetos, que ali desenvolveram um hotel muito especial, integrado na coleção da Relais & Châteaux, segundo um projeto que valoriza e preserva os edifícios originais e as características locais.

Este projeto da Pierattelli Architetture nasce da renovação conservadora de um antigo complexo episcopal composto por três edifícios do século XII, que abrangem uma área de 2.000 metros quadrados. O principal objetivo foi transmitir aos visitantes de hoje a identidade e singularidade de um lugar que pouco mudou ao longo do tempo, e onde o tempo parece ter parado. Um refúgio de paz, presente do Conde de Piancaldoli em 1043 à sua mulher, Aldina Ubaldini, que deu nome ao hotel.

Fachadas irregulares em arenito ‘pietraforte’, paredes espessas, molduras de madeira robustas, telhas toscanas de terracota, pórticos e pátios internos, tetos altos nos andares inferiores… os três edifícios refletem os elementos típicos de uma casa de quinta tradicional da Toscana.

Os 22 quartos do hotel foram criados dentro desses três edifícios e o principal, adjacente à igreja conhecida como “la Pieve”, foi declarado património da ‘Soprintendenza Archeologia, Belle Arti e Paesaggio’. Executado escrupulosamente, o projeto daquele gabinete de arquitetura manteve e restaurou as decorações originais das paredes interiores do ‘piano nobile’.

Há uma escada de pedra que conduz ao primeiro andar, um espaço amplo com teto em caixotões de madeira que contribui para o ambiente acolhedor e paredes de cal natural decoradas com frescos neoclássicos de enorme elegância e requinte. Tal como “la Pieve”, os outros dois edifícios, Studiolo e Conventino, também são realçados por tetos de madeira trabalhados e janelas que permitem avistar a paisagem verde intocada.

Os interiores são uma fusão de pureza estilística e gosto contemporâneo, o mobiliário é sóbrio com linhas limpas e as cores terrosas, caso do verde sálvia, combinadas com variações de bege, branco e castanho, uma declaração de requinte e honestidade para com o lugar. Nesta linha, todos os materiais escolhidos são locais, como o é a terracota usada no chão, o reboco de cal das paredes, a madeira das luminárias e os rodapés pintados, arquétipos preservados da arquitetura rural toscana. As paredes receberam um toque sofisticado das obras do artista parisiense Dune Varela, impressas em placas de mármore de Carrara, e dos herbários de Stéphanie Montaigu, que cola imagens de flores e esculturas nas páginas amareladas de livros antigos.

Onde outrora se guardavam as alfaias agrícolas e se deixavam as azeitonas antes da prensagem, é hoje o restaurante Le Rondini: 100 metros quadrados que se articulam entre o antigo e o novo, com uma fabulosa abóbada em ferro e terracota.

Os seus 22 quartos e suítes, a piscina exterior, o spa e o menu elaborado pelo chef Flavio Faedi, respiram toda aquela ambiência, 40 hectares de olival a perder de vista.

Há uma grande abertura na parede projetada pelos arquitetos que permite aos comensais observar os chefs que operam na cozinha; há ainda uma nova passagem em arco de acesso ao pátio interno, um convite a comer ao ar livre quando o tempo está bom. Há, diríamos, tudo para uma estadia de sonho e de tranquilidade.