Localizado no bairro de Campo de Ourique, em Lisboa, um edifício em avançado estado de degradação ganhou nova vida. O projeto, assinado pelo gabinete Pedro Carrilho Arquitetos, optou por uma abordagem contemporânea, com referências à época original.
Projeto: Pedro Carrilho Arquitetos / Interiores: Maison Amarande Fotografias: Francisco Nogueira / descrição enviada pelos autores do projeto
O Projeto de Reabilitação incidiu num edifício de habitação unifamiliar, com cerca de 430 m2 e 3 pisos, localizado no bairro das Amoreiras, em Lisboa, que antes da intervenção evidenciava um estado de degradação bastante avançado.
Como abordagem de reabilitação optou-se por uma operação total e multidisciplinar, que possibilitasse destacar este edifício em termos arquitetónicos com valorização urbanística do quarteirão e atenção pelo caráter do lugar.
Semelhante a inúmeros edifícios lisboetas, o estado de degradação do edifício, resultado da ausência de manutenção e conservação ao longo de anos, levou a que se considerasse uma demolição e reconstrução dos espaços interiores com salvaguarda das referências pré-existentes, bem como um tratamento e preservação do alçado de rua.
O projeto reorganizou funcionalmente o que antes eram 4 frações T2 e T3, e definiu-se como uma habitação unifamiliar com zonas de usos diferenciadas pelos pisos, em que os pisos 0 e 1 destinam-se aos espaços sociais como escritório, salas e cozinha, e os pisos 2 e 3 reservam-se para quartos e suite. O logradouro exterior também foi reestruturado, e a diferentes alturas as áreas ajardinadas, terraço e piscina, criam uma relação de continuidade visual desde a sala de estar.
Em termos de materialidade, optou-se por uma abordagem contemporânea com referências à época original do edifício que se destaca no pavimento em madeira com formato herringbone, nas cantarias em pedra lioz com acabamento areado, ou nas mansardas em zinco cinzento.
A par do projeto de arquitetura, tudo foi projetado e concretizado com o intuito de implementar critérios de utilização e durabilidade, no que se refere às necessidades térmicas e acústicas, ao desempenho estrutural e antissísmico, e à atualização das redes de infraestruturas que originasse um novo edifício devolvido à cidade.
A nível arquitetónico, procedeu-se à limpeza e recuperação das cantarias de lioz, reparação da balaustrada no piso amansardado, recuperação da porta de entrada, num quadro de preservação do desenho exterior do edifício. Neste sentido, optou-se por uma cor neutra para as fachadas que conferisse coerência e harmonia de conjunto, especialmente com a praça e igreja adjacentes.
Além de salvaguardar os valores arquitectónicos e elementos originais que ligam o edifício à história, procurou-se aplicar técnicas atuais e materiais eficientes que conferissem contemporaneidade em termos construtivos.
Fotografias antes da Intervenção