O escritório FADD Architects assina o projeto do novo restaurante do chef Paolo Barrale, no coração de Nápoles. Conheça o projeto.
Fotografia: Mattia Aquila / Texto: Isabel Figueiredo
O desafio? Criar um espaço com uma atmosfera contemporânea, sem abrir mão do contexto histórico, enquadrado pelas grandes janelas que dão para a rua. Em articulação com o cliente e o chef, o trabalho do coletivo FADD durou quase três anos e traduziu-se na transformação de um espaço de escritório num local acolhedor, um templo da arte culinária.
O mármore verde alpino introduz a entrada do restaurante, um espaço duplo de seis metros de altura amplificado pelo teto espelhado. A adega, com o mármore verde e a madeira de castanheiro, e mais adiante a receção, em latão polido, prosseguem esta atmosfera calorosa e rica.
Um corredor dá acesso às duas salas, intercaladas por finas estantes de metal e madeira e ritmadas por mesas circulares e pequenas poltronas Molteni, em couro verde escuro, bem como os sofás embutidos feitos sob medida na mesma cor. As luminárias Glifo, da Penta Light, escolhidas como iluminação para cada mesa, criam um brilho quente e equilibrado.
Para os pisos, a FADD escolheu um parquet tratado termicamente e personalizado em ladrilhos de carvalho marcados/emoldurados por ripas lacadas verde e amarelo-mostarda que contrastam com os tons escuros do mármore.
A terceira sala, mais pequena, acentua o ambiente caseiro do Aria, e tem a dimensão perfeita para acolher a pequena poltrona Molteni D.154.2 de Gio Ponti e a peça Narciso, da Penta, que domina a grande mesa redonda – desenhada pelos arquitetos para o convívio de 10 convidados.
Entre as duas salas e a terceira, existe um espaço a partir do qual se alcança, através de uma escada revestida a resina amarelo-mostarda, ou o piso superior – dedicado à cozinha do chef e à cozinha da pastelaria – ou ao The Lodge, em baixo, passando por uma porta secreta camuflada no revestimento das paredes. Aqui, o espaço é invertido e concebido como uma cripta; os pisos são em pedra Trani vazada e o espaço é caracterizado pelo eixo de perspetiva que, percorrendo os quartos, culmina na barra de madeira lacada a verde.
Os sofás de veludo cor de ferrugem são da Molteni, assim como todos os assentos do restaurante. Para completar o cenário, expõem-se as peças de arte contemporânea nas paredes, fruto da colaboração com a Galeria Luigi Solito.
“O percurso dedicado ao planeamento, longo e complexo, levou-nos a responder a um duplo desafio: por um lado, e por exigência do cliente, a vontade de criar um espaço especial, longe da formalidade de um restaurante estrelado; por outro, o respeito pelo contexto, já que trabalhávamos no coração de Nápoles. Isto é especialmente evidente no The Lodge que, pelas suas características peculiares, abordamos como uma cripta, com um cuidado quase maníaco na escolha dos materiais, acabamentos e mobiliário”, sublinham os arquitetos.