Por a 28 Novembro 2023

Esta casa é a extensão da sua vida. É aqui que recebe os amigos, que se guardam memórias. É um pequeno refúgio no coração da cidade.

Fototografias: Gui Morelli Texto: Isabel Figueiredo

Ali naquele bairro tão típico, nas Necessidades, em Lisboa, ainda coexistem, mesmo que subtilmente, as vidas de quem sempre ali morou – e até ali nasceu – e as dos que descobriram, nas Necessidades, um dos poucos redutos de paz, não sem a ligação direta ao bulício da cidade. Não há grandes avenidas com lojas caras, mas antes ruas estreitas, algumas íngremes, mercearias e cafés de bairro, restaurantes para todos os gostos e, a poucos minutos, há o rio, há Santos, há museus e jardins.

Neste bairro tão lisboeta, esta casa dividida em três níveis, goza de tudo isto. Da localização, da tranquilidade e da autenticidade. “É a minha casa, onde recebo com regularidade os meus amigos”, descreve-nos Paula, a proprietária, que reparte a sua vida entre Portugal e o México.

O piso da entrada, o térreo, tem ainda a vantagem de comunicar diretamente com um pequeno pátio com um jardim, reforçando esta sensação de serenidade, mesmo no coração de Lisboa. Lá fora, o chão é de calçada portuguesa e ali convivem vasos com plantas e flores, trepadeiras, árvores e uma mesa e cadeiras, para refeições breves ou tão só para um café a meio da manhã.

A porta da entrada, de madeira pintada, acusa alguma idade, com um batente de ferro, e até mesmo isso é encantador. Esta porta abre-se para o corredor e dali avista-se a escada de madeira de acesso aos pisos superiores. a partir deste corredor aberto em jeito de hall, alcança-se a sala bem iluminada e, acima de tudo, colorida.

Domina aqui a profusão de cores, de texturas, de sobreposições, das várias ‘layers’ da vida de quem aqui habita. “Esta casa é uma extensão da minha vida e um reflexo das minhas memórias, das minhas viagens e da maneira como eu gosto de viver”, conta-nos Paula, fotógrafa.

“A localização, a tranquilidade e a autenticidade fazem com que eu esteja feliz em casa”, prossegue. E entendemos tão bem o que nos confessa. É uma residência acolhedora, curiosa, feliz. Fotografia, pintura, livros, tecidos, madeiras, algum mobiliário antigo, alguns artefactos… tudo se mistura e conjuga, tudo aqui conta uma história, nada aqui está a mais mesmo quando nos parece muito.

A cozinha, mesmo ao lado da sala, pequena mas funcional, prossegue esta linguagem visual visível na parede forrada a imagens.

Lá em cima, no primeiro e segundo níveis, moram os quartos. Na designada zona íntima, combinam-se, mais uma vez, peças de várias origens.

Entrelaçam-se memórias e contam-se histórias através das peças que, aqui e ali, vamos descobrindo. Como, de facto, não nos sentirmos bem acolhidos aqui? É um pequeno refúgio encantador, reconfortante e vivo. É, verdadeiramente, uma casa.

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