Esta e a história de uma casa, adquirida há vinte anos por uma família que decidiu aventurar-se pela costa alentejana, fazendo desta propriedade de incontornável beleza natural, o seu mais bem guardado refúgio.
Fotografia: Gui Morelli / Produção: Amparo Santa-Clara / Texto: Isabel Figueiredo
Ali reúnem-se os amigos, recebe-se a família e, acima de tudo, vive-se a paisagem e a tranquilidade do lugar.
No início desta história, há cerca de vinte anos, conta-nos a sua proprietária, havia duas construções, pertencentes a uma família de agricultores, e toda aquela envolvente natural. Para os que ali habitavam, esta paisagem era um recurso, provavelmente mais do que uma oportunidade para parar e apenas usufruir, sem demais afazeres.
Os estilos de vida, as origens e as histórias destas duas famílias são diferentes, naturalmente, mas comungam num ponto: o privilégio de abrir a porta de casa e ver a natureza dar-se a conhecer, sem pudor ou interrupções.
O rio Sado, ao fundo, e os arrozais, à porta do terreno, proporcionam ainda hoje uma vista de cortar a respiração. O olhar espraia-se por toda aquela paisagem natural, numa combinação de cores, e esta evidência não deixa margem para dúvidas. Não é possível ser-lhe indiferente.
Na altura da aquisição das duas casas, apenas foram levados a cabo alguns trabalhos de pintura e “uns pequenos arranjos”, sem grandes pressas nem mais delongas. “Ainda passámos os primeiros verões na moradia original, a maior e a principal”, diz-nos a nossa interlocutora.
Volvidos quatro anos, a família decidiu estar na hora de rever o projeto, demolir e construir de novo a casa principal, agora adaptada a acolher com todo o conforto quem ali passa férias, onde se incluem os três filhos.
Este volume integra hoje quatro quartos e três casas de banho, além de um lavabo social, a que se juntam uma sala de estar dimensões generosas e um espaço destinado às refeições, integrados, sendo que na área da casa de jantar há um espaço comunicante com a cozinha por via de uma janela indiana.
Nos interiores, dominam alguns móveis originários da Índia, e doutros países, que a sua proprietária visitou ao logo dos anos, num registo com tanto de étnico como de mediterrâneo. “Além destas peças de mobiliário, que casam vários estilos, materiais e cores, a casa apoia-se numa paleta de cores onde o azul e o verde-água são predominantes, e a isso se deve o nome com que a batizámos, a Casa Acqua, porque acredito que estas duas cores nos trazem muita paz”.
Assente na areia, a cabana com tipologia T1, outrora uma ruína, é o mais recente projeto, cuja recuperação foi concluída há três anos. O contraste entre o verde da relva, que se estende aos pés da casa principal, e a areia, pontuada por alguma vegetação autóctone, onde pisamos mal saímos da cabana, é, também ele, uma bonita pincelada nesta tela natural.
Alojada na zona protegida do estuário do Sado, perto do porto palafítico, a pequena cabana está, literalmente, “no meio da natureza”. Há um passadiço de madeira, que liga a cabana à piscina infinita, que parece mergulhar no Sado. Dali, a vista é ainda mais notável e a privacidade uma característica muito importante para a família, que adora receber.
As construções receberam um piso de cimento afagado, além de materiais naturais, como o colmo, usado para alguns dos tetos. A casa principal tem dois terraços, espaços de contemplação, de refeições e de pausa. E a piscina, bem como a área que a envolve e lhe dá apoio, serve as habitações da propriedade.
“Este lugar é mágico e é o meu refúgio, é aqui que eu encontro a calma e toda a serenidade desejadas, quando estamos de férias, ou tão-só durante um fim-de-semana”, partilha.