Por a 25 Janeiro 2024

Adquirido em 2023, este é um dos cinco apartamentos renovados pelo proprietário que integram um prédio de Lisboa, encostado à muralha Fernandina da zona do Castelo. 

Fotografia: Ana Paula Carvalho / Texto: Isabel Figueiredo

Para o projeto de recuperação e renovação do edifício, foi elaborado um projeto arquitetónico, com a supervisão da equipa de arqueologia da C.M.L, já que o imóvel se encontra encostado à muralha Fernandina da zona do Castelo de S. Jorge. “O arquiteto Luís Valente, do Atelier Rua, teve pela frente algumas restrições em termos da reconstrução e remodelação, caso da escadaria que liga a sala à suíte principal, que não podia encostar à parede da sala, já que esta era, simultaneamente, o muro do castelo, tendo de ficar ‘pendurada’ a uma pequena distância daquela superfície”.   

O apartamento tem dois andares e a sua entrada faz-se pelo R/C do edifício. O seu layout desenvolve-se em entrada, um pequeno hall com pé direito duplo onde existe a escada que conduz a um mezanino — espaço multifuncional, que serve como biblioteca/sala TV —, um quarto pequeno e uma casa-de-banho.

Do outro lado do hall, avista-se a cozinha, separada do hall por uma parede totalmente de vidro. Esta cozinha é dominada pela ilha e pelo bonito revestimento de pedra branca. Aqui, neste nível, o piso recebeu um acabamento em cimento queimado — em cima, o piso escolhido é o pinho claro. Em frente ao hall existe um pátio tipo saguão.

Passando pela cozinha, acede-se então à sala de jantar — com o seu belo arco em tijolo de burro, descoberto durante a obra — e à grande porta dupla, de madeira e vidro, mandada fazer para a casa, dentro do estilo original, e esta abre-se para o pátio, “permitindo alguma vida ‘al fresco’ durante os meses mais quentes”.  

A partir do hall da entrada, do lado direito, arruma-se a sala de estar, com a sua escada suspensa, destinada para a parede do lado esquerdo, que dá acesso à suíte principal. Por baixo desta escada, ao pequeno espaço deixado vago para a máquina de lavar e o equipamento de lavandaria, junta-se um armário ‘walk-in’ que serve de arrumos, para as roupas de cama, toalhas de mesa e demais acessórios de uso diário. Do lado oposto, a porta de vidro permite avistar o pátio e as suas plantas, num apelo aos momentos passados ao ar livre.

Os seus 130m2 de área interior, aos quais se somam os 25m2 do espaço exterior, servem uma família pequena, composta pelo casal, que é visitado, amiúde, pelos filhos do proprietário, que habitam no Brasil, e aqui, durante a sua estada prolongada, ninguém se queixa da falta de espaço ou da distância ao centro da cidade. Tudo pode ser feito a pé e o largo, em frente à entrada do prédio, refresca as memórias dos seus hóspedes. 

A paleta cromática para os interiores assenta nas peças coloridas, espólio do proprietário, que com todo aquele branco das paredes parecem ganhar ainda mais notoriedade. Nas casas de banho, os azulejos lisos tradicionais, de 15×15 cm, em tons de ‘eau-de-nil’ e azul-turquesa, cativam o olhar. “O único quarto que não conservou as suas paredes brancas é o da minha filha, para o qual escolhi o papel de parede da Fornasetti”.    

A casa nasceu da união das suas cinco divisões originais, “pequenas e sombrias”, prossegue. “Não havia uma única linha reta, porque esta é uma construção quase ‘mourisca’ e como tal quisemos manter este estilo arquitetónico, incorporando paredes e corredores curvos e irregulares e abrindo janelas onde possível para trazer a luz natural para dentro dos espaços”.   

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