Andrea Chicharo
Formada na década de 80 em Arquitetura no Rio de Janeiro, Andrea Chicharo trabalha, desde então, em empresa própria sediada em Ipanema.
Os seus projetos são na sua maioria de residências na cidade, praia e campo, nos quais se percebe a diversidade de conceitos utilizados, de acordo com o clima, o entorno e a função do projeto. O escritório especializou-se também em arquitetura de interiores, com reformas de apartamentos e casas, destacando-se principalmente pelos desenhos de marcenaria feitos sob medida. A partir de 2008 iniciou a internacionalização – EUA e Portugal.
No segmento empresarial, tem um portfólio diversificado como escritórios, clínicas e estúdio de dança. Participa há vários anos com destaque das mostras Casa Cor e Artefacto. Um sucesso alcançado na atenção dispensada a cada detalhe, tirando partido dos anseios de cada cliente e encarando-os como novos desafios, nunca como limitações.
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REFORMA APÊ EM LISBOA NA ALTURA DAS COPAS DOS JACARANDÁS
Fotografia: Gui Morelli
O antigo versus moderno dá o tom do projeto da arquiteta Andrea Chicharo que reúne referências portuguesas, obras de arte brasileiras e diversas texturas. O apartamento, de 290 m2 e três suítes, está localizado em um prédio retrofit, de frente para o Parque VII. Na época dos jacarandás, ganha uma vista que é um espetáculo à parte!
Os moradores, brasileiros com filhas vivendo ao redor do mundo, usam o apartamento em Portugal como um “pouso” na Europa, já que estão sempre viajando.
O prédio que antes era comercial, foi todo remodelado para virar residencial. “O maior desafio foi incorporar à sala os pilares que já eram da estrutura do prédio. Nós recebemos o apartamento com o vidro meio esverdeado, pintado por trás. O hall de entrada, pensado para ser um ambiente de espera, é todo revestido em madeira e conta com uma lareira, que o separa da sala. “
Eu quis fazer essa brincadeira de misturar estilos, ter as cadeiras super atuais, com metal e couro de um lado, e do outro a mesa antiga de madeira trabalhada portuguesa, com painel português de azulejo do século XVIII. O tapete é oriental e tem estilo rústico”, detalha Andrea.
Do lado direito da sala foi feito um bar que se integrou com mais um ambiente de estar, planejado para ser um espaço fluido, com um sofá angular, uma mesa redonda, duas poltronas também arredondadas e um banco artesanal. “Para harmonizar tudo, os tapetes e o sofá foram escolhidos em uma cor de telha”, diz Andrea.
Na sala de jantar, uma mesa de mármore branco contrasta com a madeira predominante. E, para completar, uma escultura esculpida em mármore branco!
O quarto do casal tem um estar para TV e uma cômoda de vidro, com um espelho em madeira. Tanto ele, quanto o quarto de hóspedes e o escritório têm papel de parede, o que dá um clima aconchegante. “O escritório conta com um sofá-cama, uma mesa para trabalhar, e as fotos do Bruno Veiga do calçadão de Copacabana. Uma misturinha de brasileiro, italiano, português e tudo!”, finaliza Andrea.
Visão carioca num palacete do século XVIII em Lisboa
Fotografia: Gui Morelli
Palácio antigo construído na época Pombalina recebe retrofit em suas dependências e projeto arejado e moderno feito pela arquiteta carioca Andrea Chicharo.
Imagine morar num prédio que foi edificado em 1761, em Lisboa. Não parece que o proprietário está respirando a própria história da capital portuguesa? Sim e não. Seguindo uma tendência de retrofitagem de prédios históricos e tombados, vários escritórios locais estão reformando os interiores e transformando-os de forma que a história continue lá, mas com os confortos e a identidade da nossa época.
Foi num desses, o Solar de Santana no Campo Mártires da Pátria, que a arquiteta carioca Andrea Chicharo assinou o projeto de interiores para uma cliente brasileira. “Este palacete foi dividido em dois prédios de três andares, com nove apartamentos em cada, todos com metragens e tipologias diferentes, sendo que o dos meus clientes tem 330m2 e três quartos, dois em cima e outro no térreo. Um dos detalhes interessantes é que os azulejos que o ornamentavam – dos séculos XVII e XVIII – foram retirados sem danos e cada morador ganhou um ou dois painéis dos mesmos para usar como achasse melhor”, explica Andrea.
Como o apartamento foi comprado na planta a arquiteta pôde mudar o seu layout no espaçoso e comprido living como também coordenar o projeto luminotécnico, fundamental na composição. “Aproveitei a arquitetura estrutural pombalina deixando os alicerces de madeira aparentes e eliminei também o que seria uma lareira no meio do ambiente entre o estar e o jantar. Esta estrutura em madeira, existente e histórica, serve atualmente como divisória e deu um charme extra à decoração”, diz a arquiteta.
Logo na entrada da sala onde a altura do teto é bem alta, foi o local escolhido para a ambientação do living permitindo assim que a sala de jantar ficasse contígua ao home theater, com tetos mais baixos e clima mais aconchegante. Três portas se abrem para pequenas sacadas e deixam entrar muita luz destacando as obras de arte que se multiplicam em quadros e esculturas tanto de artistas brasileiros quanto de portugueses. Na escolha dos móveis a pluralidade também ditou o conceito: ícones do design brasileiro e internacional convivem na mais perfeita harmonia. A mistura de estilo dos móveis foi criteriosamente escolhida”, diz Andrea. Existe espaço também para um mezanino, com guarda corpo de vidro já definido no retrofit, que serve de escritório.
No fundo da sala de estar foi fixado um dos painéis de azulejos antigos ladeado por parede de cerâmica em padrão cimentado e neutro para valorizar sua beleza, inclusive com iluminação específica. Sob o painel Andrea usou móveis com bancada em vidro que servem como apoio e bar. Na parede entre as sacadas estão prateleiras de metal e vidro, visualmente leves, onde é exposta a memorabilia dos moradores. Já no home theater, em função da existência de uma grande televisão, Andrea optou por amenizá-la pintando a parede em tom de azul mais escuro para não haver um impacto visual. Uma pequena bancada de mármore serve para expor objetos e foi o local escolhido para a lareira a gás que não compromete a decoração. As esculturas nas laterais ajudam a prender a atenção por sua ousadia e são de artistas portugueses consagrados.
O lavabo tem papel de parede também escolhido pela arquiteta e a cozinha, como a maioria dos apartamentos de Lisboa, já vem pronta com armários, bancada e aparelhos eletrodomésticos.
Num dos quartos, uma surpresa que remete ao passado: um nicho recoberto de azulejos antigos que serve como um cantinho de leitura. Refúgio perfeito nesse apartamento que inspira a contemplação.
EM MIAMI LUXO E DESIGN À BEIRA-MAR
Projetado pela arquiteta Andrea Chicharo, este apartamento de 500 m² e seis quartos, em Miami, surpreende não só pela ampla vista para o mar – que circunda toda a área social e pode ser admirada até mesmo do banheiro – mas também pelo sofisticado mobiliário – que inclui peças assinadas por designers como Antonio Citterio e Paola Navone, entre outros.
Morada de um casal com três filhos, a ideia era criar uma residência moderna – mas que ainda assim fosse extremamente confortável. Para tanto, Andrea lançou mão de um riquíssimo mix de materiais, capaz de contrastar revestimentos frios e modernos, com outros mais quentes e aconchegantes.
“Num mesmo ambiente, tem madeira e aço, bambu e vidro, couro e cobre, tecidos lisos e outros tramados… Fiz um trabalho de pesquisa para encontrar móveis com uma pegada mais artesanal”, conta.
A combinação de cores – cinza, madeira, couro natural e, na sala de estar e varanda, tons de azul – traz equilíbrio para o apartamento, criando ambientes que servem tanto como um lar cool, para receber os amigos, quanto como um espaço tranquilo, destes que te convidam a relaxar e contemplar o mar.
Para o piso da sala, a arquiteta optou pelo piso espinha de peixe, que forma um zigue-zague no chão, como forma de preencher os espaços vazios:
“Além de ser de madeira, aconchegante, tem esse desenho que preenche os vazios, já que o ambiente é muito grande. Não quis colocar um revestimento muito liso, como um mármore ou porcelanato, para não ficar com cara de shopping. E também não queria encher de tapetes”.
No hall de entrada da casa, as paredes de gesso acartonado foram derrubadas e, em seu lugar, Andrea criou um painel curvo com lâminas verticais de vidro translúcido, que deixam a iluminação natural passar.
Ampla, a sala foi dividida em living e home-theater. O living foi decorado com sofás e poltronas da italiana Flexform – as poltronas Crono, de madeira com costas trançadas em couro, são criação do designer Antonio Citterio – além da chaise redonda Scarlett, da também italiana Poltrona Frau, e das mesinhas com tampo de mármore da Molteni.
“Essa chaise é giratória, a ideia é que a pessoa possa virar para admirar a vista”.
O ambiente tem ainda uma mesa para refeições rápidas, a escultural Clay, do designer inglês Marc Krusin para a italiana Desalto, em poliuretano rígido revestido com rocha vulcânica. À sua volta, as cadeiras Wire, de aço com couro, da marca escandinava Overgaard and Dyrman.
Andrea criou ainda um cantinho charmoso com a cadeira Manila, da designer Paola Navone para a italiana Baxter, de bambu, tubos de cobre e couro, e a mesinha Bell, do designer Sebastian Herkner e fabricada pela marca ClassiCon, que usa a fragilidade do vidro como base para o tampo em metal que flutua sobre ela. Destaque ainda para a tela de Abraham Palatnik e, na entrada para o hall dos quartos, para a escultura de Frida Baranek. No home-theater, a mistura de materiais começa na parede, forrada com painel de madeira e mármore.
Na sala de jantar integrada à cozinha, o visual é despojado, com mesa de madeira Porro e cadeiras estofadas de couro, de Claudio Bellini para a Poltrona Frau. O aparador, da Rimadesio, é forrado com vidro grafite. Destaque para a luminária Apparatus Studio.
Os quartos têm decoração moderna e funcional, com poucos detalhes decorativos acrescentando expressividade à proposta. Na suíte do casal, Andrea criou desenhos de losangos nas paredes, com réguas de madeira:
“ A ideia foi variar, não ter mais um quarto com papel de parede e também não precisar colocar muitos quadros para preencher o espaço”.
Ainda na suíte do casal, destaque para a Poltrona Archibald, com apelo clássico e refinado (do designer francês Jean-Marie Massaud para a Poltrona Frau) e, em outro quarto, chama atenção a poltrona Nepal, em lã branca, de Paola Navone para a Baxter. Todas as camas são da Poliform.
No banheiro de casal, muito espaçoso, o revestimento é de mármore branco, com detalhes em cinza e madeira, que deixam o ambiente mais contemporâneo. Andrea traz o mar para dentro, através de paredes de vidro de vidro transparente. Para “aquecer” o lugar, uma parede foi revestida com um jardim vertical, iluminado à noite.
Em tons de azul e verde, o décor criado pela arquiteta traz as cores do mar para a varanda. Entre os materiais utilizados no projeto está o vime, predominante nos móveis de áreas externas da Janus & Cia. As poltronas e a cama de jardim redonda da coleção Tosca, da designer Monica Armani para a belga Tribus, também se destacam, com tranças verticais feitas de tiras largas de espuma revestida. O sofá e as poltronas estofados são da Ketall.
NO BRASIL, UMA CASA NO MEIO DAS ÁRVORES EM ARARAS É DELIMITADO PELO VERDE E INTEGRADO NA NATUREZA
Fotografia: André Nazareth
Sobre um platô no terreno e entre duas árvores, essa casa na Serra foi projetada pela arquiteta Andrea Chicharo em função da vista espetacular das montanhas. De qualquer um dos cinco quartos e de toda a área social, ela esta lá, esplendorosa, se misturando à arquitetura do imóvel desenhado de forma que a construção não agredisse a paisagem.
As duas árvores, da espécie Jacaré, delimitaram o espaço do imóvel. Construída em blocos com diferentes níveis, a casa pertence a uma família formada por uma mãe e dois filhos jovens. Os três quartos da família ficam no segundo andar da casa e, além da vista aberta para o verde, mantiveram o lambri do telhado bem à mostra, sem forros de gesso que escondam a beleza da arquitetura. As duas suítes de hóspedes ficam no primeiro andar, assim como toda a área social. Em linha reta e totalmente integrados, estar, churrasqueira e varanda são voltados para a vista da Serra e podem ser separados por portas de correr que quando abertas ficam embutidas nas paredes.
“Essa intervenção no espaço social é o ponto alto do projeto porque, ao mesmo tempo que os espaços são totalmente integrados, eles estão bem separados. Então, se houver um grupo grande na churrasqueira e na piscina, por exemplo, isso não interfere que alguém esteja na sala vendo TV”, avalia Andrea.
A decoração mistura móveis rústicos, típicos das casas na Serra, com peças de design como a clássica poltrona “Charles Eames”, estofada com pele de vaca, e a arrojada estante “Clip” de Jader Almeida, que ainda traz um ponto de cor ao projeto, caracterizado pelo uso de tons neutros e materiais como o cimento, o aço e a madeira.
O cumaru reveste os degraus da escada flutuante que fica logo no hall da casa e está também em móveis, nos banheiros e no painel em lambri da sala de jantar. A madeira aparece ainda no piso dos quartos. Já boa parte das esquadrias foi feita em peroba-mica e parte da fachada em pedra. No anexo, destaque para a infalível combinação de aço e vidro. O concreto usado na estrutura fica aparente em quase todo o teto da área social da casa e ainda é usado para revestir piso, paredes e móveis – como o rack da sala – e num banco criado no janelão que separa a churrasqueira da piscina.
Mas a casa tem também elementos rústicos na arquitetura. O mais inusitado é o pau de enxada. Colocado sob o vidro na cobertura da varanda, além de permitir a entrada de luz natural, cria um charmoso efeito de sombras no ambiente.
Banheiros e cozinha ganharam pisos diferentes, com ladrilhos hidráulicos. Na cozinha, chama atenção ainda a combinação de armários planejados da Favo, num amarelo vibrante, com concreto, e a cristaleira embutida, também no concreto, desenhada por Andrea. A peça ganhou uma tela perfurada em aço corten que ficou supercharmosa.
Para o lazer, Andrea optou por trazer a piscina para a frente do terreno, justamente para completar todo o espaço dedicado à diversão. O detalhe ali é o revestimento em hijau, uma pedra balinesa que dá uma coloração esverdeada, quase de lagoa, à água. À esquerda, fica o anexo com sauna, jacuzzi e salão de festas. Unindo a casa e o anexo, um deck em cumaru foi construído circundando uma das árvores usadas para delimitar o espaço da casa. Respeito à natureza que traz benefício aos moradores, já que sua sombra ajuda a tornar aquela área ainda mais agradável.