Por a 30 Abril 2024

Transformar a dor em amor. O fio faz alusão à trama da vida, tecendo labirintos”.

Texto: Isabel Figueiredo

Nasceu em Luanda (1973) e é reconhecida como uma artista plástica multidisciplinar. Trabalha com técnicas mistas no campo da pintura e da escultura, sendo a cor vermelha e o fio de lã vermelho os elementos que mais caracterizam a sua arte, seja na pintura, na escultura ou na aguarela sobre papel. “Sou uma artista mulher apaixonada por explorar as profundezas da vida através da escultura e da pintura, utilizando uma variedade de materiais, incluindo o fio de lã vermelho. Para mim, a cor vermelha é mais do que apenas um pigmento, é a expressão da dor e do amor, uma representação vívida das emoções humanas mais intensas”. 

Gizela N acredita no poder de transformar a dor em amor e é através da sua arte que essa transformação se torna visível. A cor vermelha e os fios de lã conectam-se com a humanidade e as suas emoções mais viscerais, como o nascimento e a morte, a dor e a alegria. Formada em Escultura na Faculdade de Belas Artes de Lisboa, Gizela N já realizou exposições tanto nacional como internacionalmente, nomeadamente na galeria Project:ARTspace, em Nova Iorque, em 2023, e tem a sua própria galeria em Cascais.

Referências como Anish Kapoor e Barbara Hepworth, levam a artista a procurar um olhar diferente nos suportes que utiliza, transformando-os, invertendo funções e reinventando finais, contrariando a ideia de perfeição. 

“Nas minhas obras, tanto na pintura como na escultura, o fio de lã e a cor vermelha desempenham um papel central. O fio faz alusão à trama da vida, tecendo labirintos, representando a correlação entre nascimento e morte, regeneração e transformação. Com audácia e irreverência, procuro capturar a energia visceral desses momentos de transição, mergulhando na essência primitiva e sensual da existência”.

É através dos fios de lã e da cor encarnada, que as suas obras “lembram a essência da vida: a transformação constante, a beleza da imperfeição e a eterna busca pela verdadeira essência do ser humano e o seu memorial. Agora o fio vermelho tem surgido de um modo mais fluido, trespassando a tela, como se não coubesse mais num espaço limitado, algo que sangra os limites da vida. Todo o meu trabalho está ligado a uma forte conexão entre a humanidade, também remetendo para o sagrado feminino, o fluxo da vida, e ao poder curador que o ser humano tem em transformar a dor em amor”. 

www.gizela-n.com

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