Com uma abordagem singular, esta casa é composta por dois edificios: a estrutura original reabilitada e um novo volume. A fachada restaurada destaca-se pelos detalhes decorativos nativos, habilmente preservados na intervenção, e o novo edifício, revestido a madeira, cativa-nos pela aproximação formal aos pitorescos “palheiros” da região.
Projeto: Espaço Objecto, Arquitetura & Design / Fotografia: Ivo Tavares Studio / segundo memória descritiva
Localizada em pleno centro da Costa Nova, a qualidade do imóvel existente determinou a razão e a vontade do seu proprietário em avançar com as obras de reabilitação com vista à sua adequação e à sua ampliação para uma habitação unifamiliar.
Embora não se trate de uma construção associada aos típicos “palheiros” em madeira da Costa Nova, o edifício integra-se pela sua singularidade na frente urbana junto à marginal da ria. O desenho e o efeito cromático do azulejo que reveste a sua fachada, bem como o trabalho de recorte na madeira que faz a guarnição do topo da pala da cobertura, constituem os elementos decorativos que se destacam na fachada e que foram salvaguardados nas obras de restauro.
A moradia unifamiliar de tipologia T4 implicou uma ocupação ao longo do lote de terreno, conciliando o edifício existente com uma área de ampliação, através de espaços de circulação e, dos espaços abertos projetados na área central do lote como sejam, o pátio, o jardim vertical, a piscina e o muro que a delimita a sul onde se integra um painel cerâmico de grande efeito cromático e plástico do escultor António Nobre.
Tratando-se de um lote confinante com dois arruamentos públicos e, atendendo à implantação dos dois corpos principais da habitação, a pré-existência e o novo volume, foi necessário introduzir percursos para os relacionar e aproximar, uma vez que são complementares do ponto de vista funcional na organização interior do fogo.
Este tipo de ocupação é característico nesta zona urbana da Costa Nova, onde o preenchimento interior dos lotes é efetuado através de pequenas edificações usadas como prolongamento dos espaços da habitação, usados muitas vezes para aluguer na época balnear.
Do novo volume que confronta com a Avenida da Bela Vista, entendeu-se optar por uma aproximação formal ao edifício confinante a Norte, ao nível da sua volumetria, numa alusão à tipologia em banda dos “palheiros” da Costa Nova no que refere à imagem da cobertura de duas águas e na materialização das suas fachadas onde se utilizou o revestimento em madeira.