Como que pousada numa encosta, a Casa é um exercício de encontro entre a montanha e dois volumes platónicos.
Projeto: HW Studio / Fotografias: César Béjar / segundo memória descritiva
Situada na encosta de uma ravina, a Shi House aguarda todos os dias que o sol se ponha atrás da montanha.
A casa, um projeto assinado pelo escritório HW Studio, é composto por um elemento vertical – que alberga as escadas e algumas circulações horizontais, optando por uma materialidade de pedra para se tornar, com o tempo e as intempéries, parte da montanha em que se aninha -, e um elemento horizontal branco que acomoda todo o programa.
O volume de pedra liga verticalmente a entrada e as garagens ao resto da casa, que se insere neste volume branco disruptivo, abstrato e até desafiante, que procura um equilíbrio visual entre o natural e o artificial. Em algumas culturas orientais, acredita-se que, para viver intensamente qualquer fenómeno, é necessário colocar dois opostos juntos; esta casa poderia ser um exercício de encontro destes dois opostos: a montanha barroca, repleta de vegetação, e os dois volumes platónicos.
A casa fecha-se aos vizinhos através de uma parede cega. Abre-se para a frente e para um dos lados, onde se encontram um campo de golfe e uma reserva natural, que é enquadrada horizontalmente com algo tão simples como um chão e um telhado que se estendem ao longo da sala de estar, da sala de jantar e da cozinha. Nesta parte da casa, a arquitetura serve de moldura que realça a beleza da ravina. Para o efeito, contam os autores do projeto, “utilizamos o Engawa, ou espaço interior-exterior que envolve toda a superfície envidraçada, com o objetivo de difundir a luz e provocar uma transição suave entre a montanha e a própria casa”.
Os quartos e as áreas privadas, no entanto, permanecem isolados, sem qualquer janela para o exterior. A iluminação necessária é recebida através de um longo pátio, ponto de encontro íntimo da família, que só se liga ao exterior através do céu.
A divisão central entre o espaço social e o espaço privado da casa é marcada de forma proeminente por um longo eixo que culmina no campo de golfe. Este eixo, ou corredor, apresenta uma anomalia: uma única parede, ligeiramente curva, que pretende suavizar o percurso, servindo também de homenagem às três mulheres que compõem a família.
A casa parece assentar suavemente sobre a montanha, com a parte final da laje a flutuar ligeiramente sobre ela. É sustentada por estacas cobertas pela mesma terra da escavação, dando a impressão de que este grande elemento branco simplesmente decidiu pousar ali.