Por a 9 Abril 2024

Uma casa para se viver, para parar e olhar em redor, uma casa para contemplar o seu horizonte, mas sobretudo uma casa de família, funcional e prática, mas grande o suficiente para todos os que forem convidados a visitar.

Projeto: Estúdio AMATAM / Fotografias: Garcês / segundo memória descritiva

Partindo de um lote vazio, num bairro sem uma identidade definida, nas periferias de Lisboa, o Estúdio AMATAM  desenhou uma casa moderna aproveitando a paisagem a perder de vista que caracteriza o local.

“Aquelas que identificámos como sendo as grandes condicionantes deste projeto estão relacionadas com dois pontos: o terreno, com a sua topografia muito acentuada; e a sua condição de lote em gaveto. O que começou por ser um obstáculo, rapidamente se transformou numa oportunidade para desenvolver uma casa distinta do expectável para este lote, não tanto pela estética adotada, mas pela sua integração com o terreno, pelo modo como procurámos que a volumetria se tornasse leve, apesar da sua dimensão, e por último, mas não menos importante, pelo modo como resolve a situação de gaveto, contribuindo para a articulação urbana das duas vias circundantes“, explicam os autores do projeto na memória descritiva.

Foi proposta uma casa com uma volumetria que se desdobra de maneira a acompanhar a pendente do terreno, lançando plataformas que se transformam em varandas, terraços e planos que enfatizam socalcos na paisagem. Aliada a esta estratégia, foi intenção atribuir ao piso da cave uma materialidade distinta. Por último, os 3 volumes empilhados apresentam um ar compacto.

Em termos de materiais exteriores, a opção recaiu numa palete cromática simples, tendo o branco como cor dominante, com apontamentos de cinza. O branco transmite pureza e leveza aos volumes, além de que é uma cor que potencia os jogos de sombras, tirando partido da vantajosa exposição solar, e o contraste com a natureza exterior. O cinza escuro é por si só uma cor neutra e sofisticada e quando aplicada nos recuos da volumetria, enfatiza estes espaços, em contraste com os planos brancos.  A cor cinza clara dos pavimentos, aplicada não só no deck exterior principal, mas também nas varandas, equilibra o contraste entre o cinza escuro e o branco, e confere conforto visual a estes espaços.

Nos interiores, foi procurada uma distribuição programática que separasse as áreas sociais das áreas privadas, não obstante, as mesmas deveriam comunicar visualmente entre si, dotando a casa de uma forte qualidade espacial, tirando partido de um duplo pé direito que estrutura e distribui os acessos entre pisos.

Igualmente importante, foi a premissa de estruturar os espaços e os usos, em função das vistas predominantes e da exposição solar, deixando as áreas técnicas e menos nobres para a vertente norte do lote.

Quanto à materialidade interior, optou-se pelo conforto e nobreza que a madeira de nogueira confere, com apontamentos de sofisticação, através do uso de cobre em elementos pontuais.

No final, o resultado traduz-se numa moradia distinta, com uma identidade forte, da qual o espaço interior procura ser tão ou mais surpreendente que o exterior, visto que em todos os pisos a casa comunica diretamente, ou com a vista, ou com o terreno envolvente.

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