No centro histórico de Azambuja, esta casa nasce a partir de um antigo celeiro real com 200 m2 de área, construído no século XVII. O projeto de remodelação e design de interiores, da autoria do arquiteto Nuno Pestana do ateliê Alçado Versátil, reanimou este espaço, agora convertido numa casa de fim de semana para uma família com raízes no Ribatejo.
Projeto: Alçado Versátil / Fotografias: Nuno Martinho / segundo memória descritiva
Destinada a uma família numerosa, que dela usufrui nos períodos de férias e durante os fins de semana, a casa de 200 m2, antes um celeiro real datado do século XVII, exibe hoje uma zona social ampla, com vários ambientes funcionais — espaço de estar, de refeições, de leitura e escritório —, a que acrescem os quartos, cozinha e espaços de banho.
Era intenção da família, com raízes no Ribatejo, respeitar o ambiente rústico, mas atualizado, sofisticado e adaptado aos dias de hoje, sem prejuízo do passado, mantendo a traça do celeiro real. “Já trabalhámos com este cliente em vários projetos habitacionais e de hotelaria”, conta-nos o arquiteto Nuno Pestana, do Atelier Alçado Versátil. “A confiança depositada no nosso trabalho, conquistada ao longo dos anos, foi um fator facilitador no desenrolar de todo o processo criativo. Existiu uma reunião no início, uma visita a meio da obra e a revelação final para surpreender a família”.
As principais inspirações foram a localização e toda a envolvente rústica ribatejana. “Como base no design de interiores, encontramos aqui uma decoração monocromática em tons de preto e branco, ao longo de todas as divisões, levemente pontuada pela cor verde presente nas plantas, almofadas decorativas e mantas existentes nos quartos”. A seleção dos padrões dos papéis de parede aplicados nos quartos segue o mesmo critério: fundo branco e grafismos preto ou verde, criando uma harmonia ao percorrermos as várias divisões”.
Relativamente aos materiais utilizados nos revestimentos das paredes, Nuno Pestana destaca o azulejo artesanal (10×10) nas casas de banho, fazendo o contraste perfeito com o ripado de madeira já existente. Por seu turno, a cozinha exibe um azulejo biselado branco, que é intersetado pelo mármore de Estremoz com veio cinza, “fazendo a perfeita ligação ao pavimento hidráulico cinza e azul e às portas dos armários em cinza-azulado”. Toda a iluminação da casa foi pensada para criar vários cenários ao longo do dia. A utilização de calhas com focos LED na cor preto ou branco, conforme a divisão, destaca as várias peças decorativas. Há ainda alguns candeeiros de grande escala, utilizados para criar ambientes acolhedores.
“A lareira central, presença dominante na sala, foi recuperada e revestida a microcimento o que faz dela a protagonista da divisão, que é ainda utilizada como eixo de simetria entre os dois espelhos verticais em ferro preto que abraçam as duas cómodas com gavetas em madeira”. O sofá em curva com linhas orgânicas em tecido bouclê, foi o ponto de partida para definição do layout na sala. Num nível inferior rodeado de nichos na parede já existentes, foi definida uma segunda área de descanso com a sua própria lareira de linhas orgânicas. O acesso ao mezanino é feito pela antiga escada em madeira recuperada e lacada a branco, que convive com o tronco de árvore, elemento orgânico e surpreendente.
A zona de distribuição para os quartos, destinados para o piso superior, deu lugar a um escritório, com entrada de luz natural através das claraboias colocadas ao longo da cobertura. Um móvel louceiro, encontrado no antigo celeiro, foi recuperado e colocado na sala como elemento de apoio às refeições de família, feitas na mesa de carvalho com 3 metros de comprimento.
Valorizar os elementos arquitetónicos mais marcantes da época de construção, como as cantarias das janelas, a porta principal, os arcos em pedra e a grande lareira na parede central da sala, tornando-os o destaque nesta nova etapa de reabilitação do edifício, foram os principais desafios para o ateliê. “O teto em madeira existente na sala com oito metros de pé direito foi pintado de preto, tornando o espaço mais sofisticado e acolhedor, destacando a ventoinha em madeira para utilizar nas tardes quentes de verão”. Era ainda fundamental dotar a casa de todas as infraestruturas de ar-condicionado, iluminação, TV’s nos quartos, sem danificar os elementos arquitetónicos existentes e com história.
O novo layout ficou então definido com uma entrada generosa, cinco quartos, um escritório, duas casas de banho e um salão de grandes dimensões com ligação direta à cozinha e ao mezanino, onde foi possível criar uma zona de leitura.