Esta casa de férias recentemente construída em Deià, Maiorca, combina uma abordagem arquitetónica pensada ao pormenor com um interior escultural resultando num ambiente de luxo descontraído.
Projeto: More Design / Fotografia: Greg Cox/Bureaux / segundo a memória descritiva
A oportunidade de construir uma casa de raiz numa aldeia com um património tão histórico e bem protegido como o de Deià, em Maiorca, não acontece com frequência. Quando a oportunidade se apresenta, é de esperar que os proprietários e os arquitetos tenham uma excelente relação um com o outro – como foi, felizmente, o caso quando se tratou da criação desta casa de férias, etérea e elegante.
Envolvido desde o início do projeto, o gabinete de arquitetura More Design, sediado em Deià, ajudou os seus clientes em tudo, desde a seleção do terreno onde a casa seria construída até à seleção do mobiliário e das obras de arte que a completam. O resultado é algo verdadeiramente notável.
A propriedade está situada mesmo no centro de Deià, o que faz dela um achado; o lote compreende o último terreno disponível na zona urbana por cima do famoso Hotel Residencia. Além disso, tem uma posição invejavelmente elevada e uma orientação ocidental, com vistas para a igreja da aldeia e, além desta, para o mar. Assim, parece muito apropriado que esta casa honre de forma tão sensível o espírito do lugar em que está situada, combinando serenidade com um toque intemporal.
Com uma fluidez perfeita entre os seus vários espaços interiores — e entre esses espaços e o jardim circundante bem como as áreas de estar exteriores —, a casa também foi gizada para se fundir com a encosta íngreme em que se encontra. “Construímos o piso inferior como se fosse um terraço de pedra — queríamos que se fundisse com a montanha”, explicam Oro del Negro e Manuel Villaneuva, sócios fundadores da More Design.
Normalmente, os volumes da zona criada acima deste, o principal espaço “público” da casa e a suíte principal no piso superior, “deveriam ser simples e paralelos à topografia, num único volume”, acrescentam. “No entanto, propusemos que cada um dos dois pisos assim fosse, mas que entre eles gerassem uma rotação que acompanha a topografia, como um leque. Esta rotação permite que a casa pareça afundar-se no solo e tenha uma presença mais discreta.”
Os espaços comuns — sala de estar, cozinha e sala de jantar — situam-se maioritariamente no piso intermédio e abrem-se a partir do coração, que é o hall de entrada e a escadaria. Esta última funciona também como um poço de luz e, com as suas proporções elevadas e acabamentos totalmente brancos, pontuados por esbeltas balaustradas de aço preto, passa a sensação pura e sobrenatural de um mosteiro contemporâneo.
Entrar na casa a partir da movimentada rua da aldeia significa sair da azáfama e do barulho do dia a dia para um “oásis de serenidade e calma”, como diz Tille del Negro, da divisão de interiores da More Design.
No entanto, a casa não é austera: o seu mobiliário e decoração bem como a curadoria acrescentam uma camada de luxo e o piso superior é inteiramente ocupado por uma suíte principal, espaçosa e arejada, equipada com o seu próprio terraço privado. Com uma sala de cinema e acesso direto à área da piscina, o piso térreo é destinado aos quartos das crianças; por seu turno, a casa de hóspedes adjacente tem dois quartos e um ginásio, apoiados por uma pequena cozinha. Uma série de alpendres exteriores, perfeitos para apreciar a vista enquanto se janta ou descansa ao ar livre, e a piscina completam o cenário.
Relativamente aos interiores e mobiliário, decoração e arte, Tille diz: “Os nossos clientes queriam uma elegância discreta, mas ainda assim um espaço que se sentisse único e divertido.” Este objetivo foi cumprido com brio, com as várias salas e espaços a receberem um toque único que também contribui para uma estética global coerente. Por exemplo, foram introduzidos toques subtis de textura para suavizar e acrescentar calor aos quartos, mantendo-se, ao mesmo tempo, em total sintonia com a paleta de materiais muito naturais utilizados nos acabamentos arquitetónicos.
As formas curvilíneas e arredondadas abundam, conferindo uma sensibilidade flexível, quase elástica, ao esquema geral e os materiais naturais, como a cerâmica vidrada, o linho puro, a relva tecida e a ráfia, acrescentam uma dimensão adicional de tatilidade. Ao encapsular um estilo arquitetónico luxuoso, mas contido, esta casa está também mobilada e decorada com uma leveza refrescante.
O resultado final é um retiro de férias que aconchega, revive e estimula suavemente os seus ocupantes numa série de espaços discretamente opulentos, tanto no interior como no exterior.