Por a 25 Junho 2024

Salvador Corrêa de Sá, conhecido pela forma como interpreta os espaços e coloca em diálogo cores e texturas, interveio nesta casa de uma família que apenas precisava de uma ‘mão amiga’. Um projeto divertido e um resultado harmonioso.

Fotografia: Gui Morelli / Texto: Isabel Figueiredo

Cruzar o oceano e mudar de casa nem sempre é a decisão mais fácil, mesmo quando a língua que une dois países é a mesma. “Mudei-me para Portugal em 2018 com o meu marido e os nossos três filhos. Não conhecíamos muito bem Cascais, por isso optámos por arrendar a casa, para termos algum tempo para entender melhor a área e conhecer o novo lugar onde decidimos morar”, conta-nos Priscilla Tanure-Brunet.

Como em muitos casos, e sobretudo numa zona do país que recebe a cada ano mais e novas nacionalidades, entender o novo lugar onde se decide fixar morada é uma decisão importante, como o é importar para a nova morada as peças que são referência, trazidas do país de origem. Soma-se a isso o network, fundamental para que o encaixe seja perfeito e que aconteça com toda a serenidade. “A casa era muito impessoal e não tinha muito a ver comigo”, continua Priscilla. “Como tal decidi trazer todos os meus móveis e objetos do Brasil, para aquecer os ambientes com o meu estilo e para dar ao novo lar um ar familiar, que tivesse a ver com a nossa identidade”.

Ainda assim, faltava a ligação entre o seu universo e o layout e a arquitetura da casa. “Conhecemos o Salvador Corrêa de Sá através de amigos portugueses e imediatamente identificámo-nos com o seu estilo. Ele é bastante maximalista, assim como eu, e apresentou-me diversos recursos aos quais, sem ele, eu não teria acesso”.

“Foi um projeto muito divertido”, adianta Salvador Corrêa de Sá. “O contacto com estes clientes foi extremamente fácil, a maior parte das peças, sobretudo as de maior vulto, são da família, eles próprios têm a sua ‘onda’ muito própria, visível nas peças e nos materiais que usam, mas também na sua forma de ser. Sabem muito bem o que querem e do que gostam, por isso foi muito fácil, e divertido, trabalhar com eles, e no fundo, o que eu fiz foi dar-lhes uma ajuda! Com a iluminação, fundamental nos meus projetos, e com a arrumação geral, com a escolha das cores, com a colocação dos quadros…”.

“O Salvador é um verdadeiro artista”, elogia Priscilla. “Pintou as paredes da sala de jantar, sugeriu forrar o teto de bambu, entre outras ideias, e gradualmente fomos construindo um ambiente muito original”.

“Esta é uma casa diferente e em conjunto conseguimos fazer um trabalho que, acima de tudo, resultou num tempo bem passado”, complementa SCS. “A minha base de intervenção foi basicamente nas paredes, que receberam um ‘blade’, para tirar algum branco em excesso e criar mais ambiente, pintando-se as superfícies da sala e do corredor de entrada. Intervi também na chaminé da lareira, que não era bonita, e não se enquadrava naquele ambiente, e desenhei para ali uma estante que foi pintada para imitar pedra. Depois, para além disso, propus uma série de tecidos diferentes, num casamento de cores e padrões, além de tapetes e abajures e, claro, sempre a iluminação, que é um ponto essencial nos meus projetos”.

A ligação direta com o terraço e com jardim e a piscina acentua a nota tropical e eclética, com as cores dos verdes e das flores que se misturam, tal como no interior. “É uma das caterísticas a salientar na casa, mas são eles, a família, que fazem o ambiente, porque esta é uma casa viva, onde se recebem amigos e no fim do dia é isso que conta”.

“O seu estilo é ao mesmo tempo clássico e eclético”, acrescenta Priscilla. “Gostamos ambos muito de cores e a minha casa é, isso mesmo, muito colorida e divertida. Foi uma sorte ter o Salvador ao meu lado. Ganhei um amigo, eu e toda a família”.

Os três filhos, com idades compreendidas entre os 7 e os 12 anos, os dois cães e as duas gatas, usufruem em liberdade dos espaços. As peças de arte e de design, algumas antiguidades e peças de família, não são entrave. Na cave, onde há espaço para brincadeiras e bricolage, passam-se algumas das horas do dia; no verão, o jardim e a piscina animam-se, mas nada é interdito. “Gostamos de usar todos os espaços. As crianças têm a sua área de brincar na cave, mas também gostam de estar ao nosso lado, seja no escritório ou na sala de estar. Há sempre movimento. E isso é bom, saudável e enche a casa de alegria!”.

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