Por a 23 Julho 2024

Inserido num prédio dos anos 50, este apartamento de 125m2 passou por uma remodelação completa para ser o novo lar de um canadiano de alma carioca e dos seus dois filhos. O projeto foi assinado pela arquiteta Fabiana Cyon, em parceria com a arquiteta Ana Paula Castro e ambas confidenciam que, “inconscientemente, a principal referência foi a casa colonial portuguesa do nosso imaginário”.

Projeto: Cyon Arquitetura + Estúdio Castro/ Fotografia: Sambacine

Após um processo de divórcio, Mike, um canadiano de alma carioca, começou a procurar um apartamento confortável, espaçoso e perto da praia para morar e estar com os dois filhos. A procura levou-o a encontrar este apartamento datado dos anos 50, inserido num prédio baixo e charmoso, com a fachada branca e caixilharias de madeira pintadas de azul, na zona do Leblon, Rio de Janeiro. Mike, pediu então à sua amiga arquiteta Fabiana Cyon um projeto de remodelação completa, com decoração integralmente nova, que foi desenvolvido em parceria com a arquiteta Ana Paula de Castro.

“Como bom estrangeiro, o primeiro pedido do Mike foi integrar a cozinha à sala, não só por considera-la o coração da casa como também para manter os filhos e amigos no campo de visão quando estivesse a cozinhar. Além disso, ele também pediu espaços amplos, com bastante vegetação para ter a sensação de casa, reforçada pelo verde da copa das árvores, já que o apartamento fica no segundo andar”, conta Fabiana.

Originalmente, o apartamento tinha dois quartos, uma sala ampla ligada à sala de jantar e uma sala fechada com marcenaria antiga de bar. Com a remodelação, a cozinha foi aberta para a área social e ganhou uma ilha, a sala de jantar foi totalmente integrada à sala de estar, a suíte principal foi ampliada com a redução da casa de banho original e o imóvel passou a ter, no total, três quartos e um escritório. “Para o cliente era muito importante contar com um quarto extra para receber a família que vem do Canadá ou ser ocupado, no futuro, por um dos filhos, já que atualmente eles partilham o mesmo quarto”, diz a arquiteta Ana Paula.

O conceito geral do projeto foi então criar um apartamento com uma atmosfera de casa e, para transmitir esta sensação, as arquitetas escolheram materiais naturais com acabamentos mais rústicos, como o betão aparente das vigas e pilares, os tijolos pintados de branco que surgiram nas demolições, o cimento queimado das bancadas, a madeira do pavimento original em taco e dos mobiliários, e os mosaicos hidráulicos nos pavimentos da varanda e da cozinha. “

Inconscientemente, a principal referência foi a casa colonial portuguesa do nosso imaginário, já que as janelas originais com caixilharias de madeira pintadas de azul nos levaram a escolher o pavimento hidráulico vermelho da cozinha e da varanda”, diz Fabiana. “Desenhámos uma marcenaria especial para a cozinha, em compensado naval sem revestimento, por causa do custo mais acessível e também pelo aspeto estético, já que procurávamos uma linguagem mais limpa”, acrescenta Ana Paula.

No que diz respeito ao mobiliário, como o cliente queria um lar aconchegante, algumas peças foram escolhidas por ele próprio e a maioria foi selecionada pelas arquitetas, dando sempre prioridade à madeira. Na área social, destacam-se o o sofá Strips, da Cini Boeri, estofado em veludo azul, e a poltrona Adirondack, em madeira pintada de amarelo, solicitada pelo cliente por resgatar a sua memória afetiva.

Uma curiosidade deste projeto foi que, durante a obra, o cliente fez um pedido especial às arquitetas: no dia da aplicação do microcimento no pavimento das zonas de circulação das áreas mais reservadas – em substituição do piso original em taco, que estava em muito mau estado – ele quis levar os filhos de 5 e 7 anos para gravarem as suas mãos na massa ainda fresca. “Adorámos a ideia e viabilizámos a execução. O resultado ficou uma graça”, avalia a arquiteta Ana Paula Castro.

“A ideia deste projeto foi que toda a área social – composta por sala de estar, sala de jantar, cozinha e varanda – estivesse integrada. Como resultado das demolições de algumas paredes que separavam esses espaços, vigas, pilares e outros elementos construtivos ficaram à mostra, acrescentando charme, personalidade e um toque rústico ao projeto”, finaliza a arquiteta Fabiana Cyon.

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