Encarnado, azul, verde e amarelo coexistem neste apartamento de 42 m2 em Londres onde cada detalhe foi estudado para um resultado harmonioso. Um projeto da designer de interiores espanhola Sara Leonor.
Projeto: Sara Leonor / Fotografia: Anna Batchelor / Adaptação: Isabel Figueiredo
A designer Sara Leonor, radicada em Londres, vestiu de cores vibrantes um apartamento alojado num edifício centenário da exclusiva zona de King’s Cross, na capital britânica. Com apenas 42 metros quadrados, cada espaço da pequena casa assume uma identidade diferente. Se os tons verdes surgem na cozinha, os amarelos cobrem a casa de banho, os azuis vestem o quarto do casal e os tons avermelhados cobrem as paredes da sala.
No fundo, o conceito assenta em quatro cores diferentes para os quatro espaços da casa. A residência está localizada num dos edifícios de apartamentos mais luxuosos de King’s Cross, datado de 1905, atualmente avaliada em meio milhão de euros. “Os proprietários queriam atualizar o apartamento porque já não se ajustava às suas necessidades e gostos. Precisavam de mais arrumação, mas as dimensões da casa exigiam soluções criativas e funcionais, que ocupassem o mínimo de espaço possível. Ficou bem claro, desde o início, que queriam usar o verde na cozinha e, a partir daí, definimos o restante das opções de cores. A nossa missão foi proporcionar todo o conforto de um apartamento grande num espaço pequeno, sem abdicar do estilo, da distinção e personalidade”, explica Sara Leonor.
Na cozinha, foi decidido integrar todos os eletrodomésticos nos armários verdes para gerar uma imagem contínua e linear, que combina azulejos e paredes pintadas, “o que amplia a perceção visual do ambiente, amplificada pelo jogo dos azulejos pretos e brancos, desenhados por Nathalie Du Pasquier para a Mutina. A bancada em tons metálicos é inspirada na tradicional estética industrial londrina. Na abordagem do projeto, foi criado ainda um vassoureiro e espaço adicional para o frigorífico.
Na casa de banho, tanto a retrete como o lavatório, feitos sob medida, foram destinados para a parte de trás do espaço; a banheira oval foi alojada na área frontal, por forma a facilitar a passagem. Sara escolheu um espelho um armário em U, que ajuda a promover a sensação de mais profundidade e uma cortina de duche transparente que contribui para o mesmo efeito. O teto exibe uma malha metálica onde podem ser penduradas plantas e toalhas. “Os azulejos são feitos à mão em Marrocos e a sua textura é brilhante, por isso refletem e ajudam a fazer com que o espaço pareça maior. Nas paredes laterais optámos por placas de cimento e no resto do espaço e no teto foi utilizada tinta amarela”, prossegue a designer.
No quarto principal foi respeitado o armário embutido, original, replicado no lado oposto do quarto, seguindo o mesmo estilo. As molduras foram revestidas com papel de parede com motivos naturais, estendendo-se até ao teto para um detalhe artístico. As prateleiras originais e a cabeceira da cama foram eliminadas para aproveitar ao máximo o espaço. A cama, a estante na parte superior da parede e as mesinhas laterais embutidas, além da penteadeira integrada e da sapateira, compõem o espaço em tons de azul, combinado com o padrão do papel de parede.
No caso da sala, foi gerado um espaço polivalente em menos de 15 metros quadrados que serve como área de estar, de convívio e de jantar, com uma mesa de centro extensível que pode acomodar até seis pessoas. O encarnado define a área inferior e superior do espaço e o branco da faixa central proporciona um ambiente neutro para os objetos decorativos do casal, que também quis preservar a cómoda original. Graças a um banco em forma de L, foi criado um espaço para sentar os amigos da casa; a coleção de discos ficou organizada, debaixo deste banco, e o radiador da sala escondido.
Ao lado da porta, foi ainda criado um espaço de trabalho com uma mesa encostada à parede, com sistema de painéis que esconde a parafernália de cabos dos dispositivos eletrónicos. O armário do bar e o carrinho de bebidas metálico foram cuidadosamente escolhidos para o espaço, assim como o sofá-cama para as visitas.
“Todos os elementos têm uma razão de ser. Não sou a favor da inclusão de objetos meramente estéticos. É importante que, além disso, cumpram uma função no projeto geral de design de interiores. É por isso que, normalmente, desenhamos uma boa parte das peças para os nossos projetos de interiores”, enfatiza Sara Leonor.