Conheça as escolhas, o destino e o livro que a Presidente do Salone del Mobile Milano tem no bolso do seu casaco.
Texto: Isabel Figueiredo
Maria Porro, nascida em Como (1983), Itália, é Presidente da Assarredo — representante da Associação Nacional de Fabricantes de Mobiliário, Estofos, Cozinhas, Sistemas de Dormir, Acessórios para Mobiliário e Mobiliário Comercial — desde setembro de 2020, e é a primeira mulher a assumir este papel. É Directora de Marketing e Comunicação da Porro S.p.A., marca italiana de design, criada pelo bisavô Giulio, em 1925, e Presidente do Salone del Mobile Milano desde 2021.
Sobre Design
“Design é qualidade, inovação, investigação. Estes dois são os principais ingredientes que o definem. Mas, ao mesmo tempo, o design é também uma pedra — penso nas pedras colecionadas por Bruno Munari, na casca de uma árvore velha, numa flor. O design é também emoção, equilíbrio, harmonia. Sou uma pessoa ativa e curiosa, gosto de experimentar novas experiências, conhecer novas pessoas, ver um novo filme, visitar uma exposição, mas ao mesmo tempo também sou um pouco introspetiva, adoro ler, ouvir música ou mergulhar na natureza”.
Um espaço
O novo showroom da Porro, em Milão, de Piero Lissone & Partners, foi concebido como uma caixa branca pura e linear, com seis janelas que se assemelham a monitores que olham para a cidade. Estendendo-se por dois pisos, é um lugar conceptual de empreendimento e energia. “A Porro é uma empresa que sempre procurou redefinir os limites, adoptando constantemente diferentes espectros criativos. Depois de quase vinte anos na Via Durini, mudámos mais uma vez as regras, decidindo mudar para um lugar completamente inesperado, muito visível e com uma arquitetura particularmente distinta”.
Um destino
“A Coreia é muito interessante e Seul é uma cidade que, para mim, representa um certo espírito de contemporaneidade. A incrível mistura e o equilíbrio entre tradição e inovação em todos os domínios são perceptíveis ao caminhar pelas ruas de Seul, visitando os locais históricos, bem como as novas bibliotecas e museus. As universidades estão a propor currículos universitários profundamente ligados à inteligência artificial. As novas gerações são curiosas, inovadoras e ousadas.
Um livro
“Estou a ler ‘Archipelago’, uma conversa entre o filósofo e poeta Édouard Glissant e o curador Hans Ulrich Obrist, que me ofereceu o livro durante o Salone. É um pequeno e bonito livro azul que cabe no bolso da minha gabardina. É uma reflexão profunda sobre a sociedade e a cultura — o próprio título é uma metáfora: um modelo possível de realidades diferentes e independentes que se respeitam mutuamente como as ilhas de um arquipélago. O que emerge é uma ideia de mondialitè comparada com os modelos negativos da globalização, uma possibilidade diferente para este mundo interligado evoluir e resolver as contradições contemporâneas nos aspectos sociais e ambientais“.