Por a 20 Agosto 2024

Com interiores que balançam entre o design francês e o brasileiro, o mais recente apartamento de Felipe Carolo exibe a sua herança afetiva juntamente com ambientes onde a arte e a funcionalidade andam de mãos dadas.

Projeto: Felipe Carolo / Fotografia: Ruy Teixeira

Inserido num prédio neoclássico assinado por Adolpho Lindenberg, num dos bairros mais tradicionais de São Paulo, no Brasil, este apartamento de 205m² é a morada do arquiteto Felipe Carolo, que também assina o projeto.

Numa nova fase da vida caraterizada por uma certa sintonia com o design francês,  Felipe diz que assim que descobriu o apartamento soube que seria a sua nova casa e que no seu interior, os estilos brasileiro e francês se iriam misturar para criar um projeto novo.

Concetualmente, o projeto assenta numa base branca mas sem ser monótona – uma marca do arquiteto -, e os ambientes balançam entre o elegante e o moderno, entre o ter estilo e o ter conforto, entre o diferente e o clássico.

Por falar nisso, “a sala de TV é o lugar que pede mais conforto em qualquer casa. É ali que nos reunimos para ver um filme, comer pipocas ou apenas estar no sofá sem hora para sair. Por isso, o sofá tem que abraçar”, diz Felipe. Atrás do mesmo, o arquiteto colocou uma coleção de cerâmicas brancas e seguindo a paleta de tons claros, o tapete em bege clarinho é também suave e “dá a sensação de se estar a pisar nas nuvens“. Por ser um espaço originalmente projetado para ser uma biblioteca, o arquiteto optou por não colocar a TV na parede, mas sim num móvel solto desenhado por ele, de maneira a não ficar de frente para a porta nem de frente para a luz.

Na zona de estar, por exemplo, a base branca harmoniza com as cores do mobiliário, e o lustre branco que dança no teto, é o Vertigo, da francesa Constance Guisset, feito de aço carbono e vinil. Já o candeeiro em latão, é uma herança afetiva e o verde é da Maison Aracaju – uma marca desenvolvida por dois franceses no Brasil.

Para Carolo, o hall de entrada já conta muito sobre quem vive ali e é um espaço que também precisa abraçar quem chega. Para isso, escolheu a obra de Igor Romualdo com pavões coloridos. “Gosto de arte brasileira que retrata a fauna e a flora. E essa profusão de cores resume o lugar que me encontro hoje na arquitetura de interiores: o branco com cores pontuais”, explica. O tapete de lã de carneiro confere o conforto necessário e o banco foi desenhado por ele e veio da varanda do apartamento anterior.

Na suite principal, o ambiente é propício para o descanso, mas a funcionalidade e o lado prático também estão presentes. Essa é a base de Felipe Carolo ao projetar os quartos. “O principal de um quarto é a cama, por isso, dou-lhe sempre destaque. A cama e o colchão devem ser muito confortáveis”, diz. “As outras escolhas devem considerar ser este um ambiente de relaxamento, que traga paz. Por isso opto sempre por tons claros, quase sempre o branco para esse fim”. Contudo, desta vez Carolo colocou um pouco mais de cor e escolheu terracota para os lençóis da cama e mostarda para o tapete turco. O jogo de alturas das mesas de cabeceira possibilitou colocar uma pequena mesa de apoio para uma necessidade rápida de trabalho. Neste ambiente, a cama e as mesas são em madeira freijó e foram desenhadas pelo próprio. A cadeira é de Gustavo Bittencourt e, a poltrona, herança afetiva presente do avô. Para o tecido das cortinas, usou cambraia de linho. E os quadros são da brasileira Germana Monte-Mór. 

“Se houver espaço, como eu tive aqui, acho sempre bom ter um banco. Mas é preciso ter cuidado para que não tenha muita informação de forma  a conseguir desligar e ter um bom sono. A escolha da televisão, neste aspeto, é muito pessoal. Eu gosto de ter um dia de preguiça a ver um filme. E acho que se deve ter um bom candeeiro para leitura”. A mesma filosofia foi aplicada no quarto de hóspedes.

Na casa de banho, Felipe manteve o lavatório original com a torneira em detalhes de porcelana. Para brincar com o antigo e trazer o novo, escolheu o designer Ingo Maurer e seu lustre Bird, do final da década de 1990, divertido e atemporal. Tudo em branco, claro. 

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