Para a Europa moderna, o património cultural é a base, a matriz do mundo e da memória. A memória de quem somos, de onde viemos e para onde vamos. Mas será que o mundo moderno conhece o verdadeiro valor dos seus tesouros?
Texto: Isabel Figueiredo / Fotografia: Lera Levanova
A artista ucraniana, arquiteta do património cultural, designer e pioneira do movimento “living minimalism”, é a embaixadora do design ucraniano em todo o mundo. A fundadora do estúdio de arquitetura Yakusha, da marca de design FAINA e da Galeria Victoria Yakusha, expôs recentemente SKARB (palavra ucraniana para ‘tesouro’), em Milão, uma mostra dedicada aos tesouros materiais e imateriais do património que os ucranianos protegem com as suas vidas, num convite a uma viagem no tempo, das antigas maravilhas da civilização Trypillian até aos contos heroicos dos cossacos ucranianos.
“Escolhi o tema do tesouro por uma razão. Um tesouro é algo que pode ser roubado, mas não pode ser levado. Um tesouro é algo que vive no coração de todos os que se lembram de si próprios (…), algo que nos é muito querido. Um tesouro é algo que se pode esconder e transmitir às gerações futuras, falando-lhes numa linguagem que compreenderão nos milénios vindouros (…), algo que não pode ser roubado ou destruído pelo fogo, bombas ou mísseis. E hoje vemos de que forma esses tesouros estão a ser reavivados e a viver a sua própria vida. Na ciência, na tecnologia, nas pessoas, no espaço, no design. O nosso tesouro é um campo selvagem, a sensação das ervas aromáticas e do vento salgado nos lábios. O nosso tesouro são as maçãs maduras de outono da árvore que a nossa avó plantou. O nosso tesouro é a nossa liberdade, que nunca ninguém nos poderá tirar. O nosso tesouro é o jantar à mesa grande com a nossa família. O nosso tesouro é a nossa terra”.
Victoria Yakusha defende, através das silhuetas dos vasos da coleção Tiara, de edição limitada, que espelham a forma da tiara “roubada”, que embora um tesouro possa ser roubado, a sua essência permanece indelével e não pode ser totalmente retirada.
Feitos de barro ucraniano, incrustados com topázios policromados únicos de Volyn, com a única cor azul-bege do mundo, estes vasos falam com o seu calor, o seu valor absoluto a todos os que o podem sentir. “Toda a gente sabe o que é um verdadeiro tesouro”.