Daciano da Costa
Inês Cottinelli – @Estúdio Peso
Daciano da Costa (1930 – 2005) é considerado uma das figuras mais proeminentes do Design Português e desempenhou um papel de referência para a institucionalização do Design entre nós, enquanto disciplina e enquanto profissão.
Daciano da Costa é um dos autores que contribuiu para criar uma paisagem contemporânea em Portugal, para fazer o país participar do movimento moderno internacional ao partilhar os princípios formais e conceptuais que marcaram a sua época. O que faz dele uma figura única na História do Design em Portugal é a diversidade de campos de atuação.
Desde 1954, desenvolveu as suas múltiplas facetas como designer, sendo um dos pioneiros do design industrial em Portugal e desenhando para vários setores da indústria nacional. Licenciado em Pintura pela Escola de Belas-Artes de Lisboa (1961), Daciano da Costa abandonou as artes visuais para se dedicar ao design. Fundou o seu estúdio, o “Atelier Daciano da Costa”, em 1959 e, ao longo das décadas, desenvolveu a sua atividade nas áreas de design de interiores, design industrial, design de mobiliário e design urbano.
O ATELIER DACIANO DA COSTA 1959 – 2005 | 2013 até hoje
Fundado em 1959 por Daciano da Costa em que ao longo das décadas desenvolveu a sua atividade pelas áreas do design de interiores, design industrial, design de mobiliário e design urbano, numa aproximação gradualmente mais profunda ao universo da arquitetura, da produção industrial e do mercado.
Em 2013, após oito anos de interregno, a sociedade Atelier Daciano da Costa tomou um novo rumo, com o propósito de preservar, valorizar e divulgar o seu património, a fim de manter viva a sua memória.
Acreditando na importância de comunicar a figura e a obra de Daciano da Costa, propusemo-nos desenvolver ações várias desde a conservação do património a parcerias institucionais com entidades culturais e museus à comunicação para divulgação em eventos e exposições de divulgação nacional e internacional e a reedição dos clássicos que acreditamos nos permitem prolongar e reescrever a História do Design Português e funcionar como marca de referência da nossa cultura.
O atelier pretende implementar um modelo de negócio sustentável com o objetivo principal de reforçar a importância da cultura do design em Portugal.
Em 2019, abre o Atelier | Galeria, um espaço de trabalho e de showroom aberto ao público, onde estão reunidos originais e reedições de peças de mobiliário e uma parte do acervo que se conservava no antigo atelier de Santa Catarina
DA OBRA ÀS REEDIÇÕES
Acreditamos que as reedições dos clássicos nos permitem prolongar e reescrever a História do Design Português e funcionar como marca de referência da nossa cultura.
As reedições de peças que foram originalmente concebidas por Daciano da Costa para obras específicas visam valorizar objetos que poderão ser hoje introduzidos em novos ambientes, tanto pela mão de profissionais como de clientes particulares, desse modo promovendo novas leituras de objetos existentes.
O mobiliário da Casa da Música (2005), projetada por Rem Koolhaas, foi a última obra que Daciano da Costa acompanhou em vida e é para nós um exemplo de que tal é possível.
O facto de estas peças reaparecerem noutros contextos, permite prolongar e reescrever a História do Design Português.
Rua Arriaga 2, 1200-609 Lisboa | +351 911 081 409 | [email protected] | www.dacianodacosta.pt | shop.dacianodacosta.pt | Instagram | Facebook
Galeria Daciano da Costa Design
Fotografias de João Grama – Estúdio Peso
Casa da Música, 2004, Porto
Fotografias de Fernando Guerra FG + SG
Projeto de mobiliário. Utilização de modelos da autoria Daciano da Costa.
No âmbito do projeto de arquitectura da Casa da Música no Porto, o arquiteto holandês Rem Koolhaas, elege da obra Daciano da Costa mobiliário concebido em múltiplas obras anteriores como, para o Teatro Villaret (1964-1965), o Hotel Alvor (1966-1968), a Fundação Calouste Gulbenkian , o Hotel Altis (1971-1974), o Centro Cultural de Belém (1990-1992) e o Coliseu dos Recreios (1993-1994). Ao habitarem um novo espaço as reedições resultaram em novas versões das peças, tanto em alterações estruturais ou de implementação de cor. A título de exemplo, para a cadeira Alvor, Daciano da Costa propõe uma versão total em madeira, de forma a acentuar e realçar as linhas do modelo; à poltrona Boroa 2 é atribuído ao revestimento em pele as cores preto, branco e verde.
Posteriormente em 2015, a poltrona Boroa 2, juntamente com os seus respectivos desenhos técnicos e esquissos, incorpora a colecção permanente do Museu Nacional de Arte Moderna do Centre Georges Pompidou em Paris.
Casa Fortunato, Alcacer do Sal, 2022
Fotografias de Manolo Yllera
Criar profundidade na casa, no trabalho ou em hotelaria é um elemento integrante da origem do estilo e do design. Trabalhando ao lado de um coletivo de parceiros consagrados, a Casa Fortunato construiu relacionamentos especiais para oferecer aos que os visitam peças que vão desde mobiliário de design até aos simples detalhes.
Com a vontade de criar a sala de jantar Daciano da Costa, foram escolhidas as jarras PALACE e selecionado mobiliário do Atelier que inclui a Linha BNU, a cadeira superligeira e a mesa.
A Linha BNU, criada em 1963, foi desenhada para as casas dos funcionários do Banco Nacional Ultramarino em zonas de recursos limitados, como o interior de Portugal e as colónias. Usavam-se materiais locais, como madeira maciça e bunho, refletindo uma estética simples e funcional.
Estação Fluvial Sul e Sueste, 2021, Lisboa
Fotografias da construção Josefa Searle
Em 2021, dando continuidade às intervenções que o Turismo de Lisboa desenvolveu em parceria com a Câmara Municipal de Lisboa e 90 anos após a inauguração da Estação Sul e Sueste, do arquiteto Cottinelli Telmo, celebramos a reabertura deste edifício agora dedicado ao turismo marítimo e fluvial.
Para Cottinelli Telmo “o edificio ter esse carácter moderno em que, banida toda a decoração sentimental e inútil, fica quasi apenas um jogo de volumes e de lisos em que falam principalmente a lógica de construção e as proporções”.
Para seguir esse principio, sem “sentimentalismos”, apesar do “peso” da responsabilidade pela relação familiar com o arquiteto, procurou-se adotar uma filosofia de restauro, garantindo as proporções, num trabalho de reforço de todo o edifício.
O projeto de mobiliário para o Átrio Principal viria valorizar e dar sentido ao conjunto: por isso a inevitável escolha (também por razões familiares e não só) das poltronas Boroa de Daciano da Costa para consolidar o carácter verdadeiramente intemporal do edifício.
Um testemunho da passagem de 3 gerações de arquitetos neste lugar voltado ao rio.
Pela Arquitecta Ana Cottinelli e Telmo Monteiro da Costa