Designer, artista e fotógrafo, Diederik Schneemann cria obras distintas e evocativas. Obras autónomas com significado que perduram para além da nossa curta presença na Terra. Conheça mais sobre o artista.
Texto: Isabel Figueiredo
Diederik Schneemann nasceu em Hasselt (Bélgica) em 1979. Cresceu em Maastricht e estudou na AKI ArtEZ Academy of Art & Design (Países Baixos). Em 2011, estreou-se com a sua primeira exposição individual— A Flip Flop Story —, durante a Semana de Design de Milão. Em 2013, apresentou a coleção 3-D Mash Up, em 2018 a série fotográfica Rubdish e, desde 2019, as colecções Cherished.
Diederik cria, há mais de uma década, obras distintas e evocativas. Contribuindo e expandindo a geração típica do design holandês. O designer envolve-se numa variedade de disciplinas: arte conceptual/design, fotografia e instalações artísticas. O seu trabalho caracteriza-se por uma abordagem conceptual forte e compreensível, em combinação com uma utilização única de materiais. Reutiliza frequentemente objetos que transportam um certo “quê”, revelam histórias, invocam uma emoção ou desencadeiam memórias e sentimentos antigos, alterando o seu aspeto e a sua utilização de forma a criar um novo conceito e uma segunda vida, evocando, assim, uma nova realidade inesperada.
O resultado são peças únicas que ultrapassam a estética e a função e possuem uma beleza inerente. O objetivo de Schneemann é criar obras autónomas com significado que perdurem para além da nossa curta presença na Terra. O seu trabalho tem sido exposto em várias galerias, no Salone del Mobile de Milão, na Enter Art Fair de Copenhaga e pode ser visto durante as Semanas de Design de Milão, Londres e Eindhoven.
Coleção Cherished: Nos seus trabalhos mais recentes, utiliza objetos icónicos de coleção provenientes de acervos pessoais… caixas de fósforos, Smurfs, frascos de perfume. Diederik encara-os como um material de valor incomensurável. Enquanto alguns vêem uma pilha de caixas de fósforos sem sentido, Diederik vê histórias. “Uma coleção pessoal pode ter um enorme valor para uma pessoa e, ao mesmo tempo, ser inútil para outra. Uma coleção com 35 anos que é guardada e acarinhada durante décadas tem um certo valor”. Diederik reconhece esse valor e trata uma coleção pessoal com a mesma atenção com que trataria um material caro como o mármore ou o bronze para construir uma peça. Com um pouco de imaginação, vê-se todas as histórias, o amor e a dedicação que se escondem por detrás de todas as caixas de fósforos, que nos levam por todo o mundo, desde o início dos anos cinquenta até aos anos noventa. Desde retiros Holliday e hotéis no Japão até à velha marca de cigarros que o seu avô costumava fumar.
Coleção Rubdish: Uma visualização conceptual do desperdício que encontra o seu caminho de volta para o seu prato. É a transformação do lixo num apetitoso prato de fricção. O projeto Rubdish é uma co-criação do chefe de cozinha Diederik Schneemann e do fotógrafo Aldwin van Krimpen. “Enquanto a maior parte das pessoas pega num saco de compras e vai buscar os ingredientes ao supermercado, nós vamos às compras a locais onde o lixo se junta. Vamos para o meu estúdio onde começamos a cozinhar. Experimentamos e brincamos com os materiais e tentamos composições, tentando encontrar o equilíbrio certo entre o reconhecimento da comida e dos resíduos para criar uma imagem que nos atraia. O resultado final é uma imagem alienante em que, à distância, se preserva um saboroso prato de comida, mas que, ao aproximar-se da imagem, começa a revelar que é feita de resíduos”.
A Flip Flop Story: Os chinelos contam a história. Perderam a cor, estão gastos, rasgados, remendados e acabam por ser deitados fora ou perdidos. Depois de uma longa viagem pela Ásia ou África, acabam nos esgotos e no mar. Depois, dão à costa em África, onde são encontrados, recolhidos e eventualmente recuperados. O Studio Schneemann transformou-os numa coleção de objetos de design sustentável, na qual as histórias de viagem dos chinelos usados são captadas e traduzidas. Fabricados em Roterdão (Países Baixos) e em Nairobi (Quénia), apoiam a Ocean Sole Foundation.