Situado num edifício do pós-guerra, com vista para o Parque Sienkiewicz, na Pólónia, este apartamento de 94 m2 começou como uma aventura e terminou num espaço notável. A cozinha foi o ponto de partida para o projeto da autoria de Małgorzata Wojdal. As fotografias são do Follow the Flow Studio.
Design e Styling: Małgorzata Wojdal, Lilla Home / Fotografia: Follow the Flow Studio / segundo memória descritiva
A decisão de comprar este apartamento não foi fácil. Muitas horas de discussão excessiva, que acabaram por se transformar em dias cheios de “prós e contras”. O coração gritava “a favor” e a razão, no entanto, era “contra” — porque 94 m2 é um desafio, porque a mudança funcional é exigente, porque acaba por ser um investimento avultado, incluindo a nível financeiro. Mas, como na vida, quando sentimos este aperto no peito, os argumentos racionais não funcionam. Este aperto motiva, impulsiona e torna possível o impossível. E assim começou a aventura com este espaço notável, embora um pouco desvalorizado e abandonado pelos seus anteriores proprietários.
O apartamento, situado num edifício do pós-guerra, fica no primeiro andar e tem uma vista incrível para o Parque Sienkiewicz, na Polónia.
A cozinha foi o ponto de partida! O processo de desenho e remodelação incluiu nove modelos e conceitos diferentes para esta divisão. Na altura da compra, a coreógrafa, designer de moda e de interiores Małgorzata Wojdal, da Lilla Home, foi seduzida pela parede semicircular, que anteriormente tinha sido parcialmente revestida a azulejos. “Imaginei imediatamente um papel de parede que realçasse as suas curvas e arestas”.
O papel de parede foi escolhido e encomendado de acordo com as dimensões da parede na loja Rebel Walls (rebelwalls.com). As cores deste papel de parede tornaram-se a cor determinante em todo o apartamento. Com base nessa escolha, os azulejos das paredes e do chão propõem uma combinação estudada e harmoniosa, bem como com as superfícies na cor trufa e de madeira escura. Foi criada uma área de estar com espaços de arrumação debaixo da janela — que faz parte da área de jantar, com uma bonita mesa de madeira maciça com uma perna torneada ornamentada.
Ao fundo, as portas antigas foram instaladas na entrada da sala de estar. “Depois de terem sido desmontadas, ficaram durante muito tempo à espera da sua nova vida”. Por fim, depois de lhes terem sido fixados cabides, revelaram-se numa extraordinária decoração e num elemento prático desta parte da cozinha. “Para as frentes da cozinha, escolhemos puxadores italianos em latão com acabamento em cerâmica”. E foi assim que nasceu a cozinha, tecida a partir do sonho de um interior um pouco antiquado e clássico, mas com um toque de alma moderna.
Na sala de estar, uma das curiosidades é o aparador da zona de refeições. Isto porque foi criado a partir de uma porta que servia anteriormente de ligação ao outro apartamento. “A porta era branca, com vidro cor de leite, e basicamente o primeiro instinto e ideia foi emparedá-la. Mas essa loucura foi apenas momentânea, porque poucos minutos depois surgiu o conceito de um aparador para expor a loiça”. A luz atmosférica é introduzida por arandelas de parede ao estilo novaiorquino. Dos elementos originais, foi possível preservar o teto em estuque, incluindo uma bela rosácea, o chão em parquê de carvalho, as portas acima mencionadas e os radiadores em carvalho. As portas francesas brancas foram feitas por medida.
“Para a sala de estar, sentimo-nos tentados a comprar um enorme sofá de canto com tecido bouclé e, junto à lareira biológica, criámos duas estantes espaçosas com um fundo preto para melhor expor os vários tesouros”. Atrás do espelho, escondem-se todas as ligações para a televisão — “mas quem é que quer ver séries de televisão quando, do lado de fora da janela, a vista encantadora seduz-nos com o seu charme?”. Na mesa de centro dispõe-se, orgulhosamente, um vaso preto, que foi resgatado da cave de um amigo querido que não o queria.
“Este é o primeiro apartamento em que decidimos criar um mezanino. Talvez um desejo infantil de ter um espaço assim tenha ressurgido em nós, ou talvez um pensamento pragmático sobre funcionalidade, quem sabe (sorriso)”. Em todo o caso, “criámos aqui um quarto para duas crianças ou um escritório com a opção de um quarto de hóspedes”.
Entre o quarto e o escritório existe uma janela de vidro, que é aberta com um simples toque no controlo remoto, “porque instalámos um varão de cortina elétrico”. O estuque, gracioso, está por todo o lado e, no teto, a enorme rosácea original parece literalmente rebentar de orgulho. Atrás das grandes janelas, os bancos e os candeeiros do parque Sienkiewicz tentam o olhar.
Entre a cozinha e a sala de estar havia um volume não utilizado, que é agora uma mini biblioteca. Neste espaço, encontra-se uma confortável poltrona de rotim, uma secretária e estantes. “Este é um dos nossos sítios preferidos”.
A casa de banho é um paraíso para os indecisos. Tem uma banheira independente, um duche grande, muito espaço e uma janela. No corredor, os armários espaçosos e os assentos estofados convidam os novos hóspedes a ficar mais uns dias.