Aninhada na Serra de Santo António, em Alcanena, o atelier multidisciplinar Maison Amarande desenhou os interiores desta casa que se materializa numa conversa harmoniosa entre interior e exterior. Materiais naturais e uma paleta de cores suaves tornaram-se os principais protagonistas, juntamente com uma sofisticada seleção de marcas portuguesas e internacionais. As fotografias são de Francisco Nogueira.
Projeto: Maison Amarande / Fotografia: Francisco Nogueira / segundo memória descritiva
Delicadamente aninhada na deslumbrante Serra de Santo António, a Casa Alcanena é revivida em todo o seu esplendor, uma proeza arquitectónica e de design trazida à vida pela Maison Amarande. O atelier multidisciplinar foi encarregado de criar uma casa elegante, acolhedora e calorosa para um casal belgo-português que partilha a sua vida entre a cidade e o campo. O resultado é um diálogo pacífico entre o interior e o exterior, assente numa paleta de cores rica que serpenteia por diferentes verdes e beges, bem como por materiais como a madeira e a pedra.
A planta principal da casa já estava definida, pelo que ao atelier Maison Amarande foi pedido que desenhassem e decorassem os espaços interiores – desde a cozinha aos quartos e casas de banho -, e que o fizessem seguindo um conceito sustentado pelo conforto, usando materiais naturais e uma paleta de cores elegante.
O objetivo, contam, era o de criar um espaço amplo, acolhedor, confortável e fluido, com recantos para reuniões de família e amigos. “As lareiras são um elemento-chave na vida dos clientes, pelo que incorporámos três, para criar um ambiente acolhedor. A casa é mais do que um destino de fim de semana ou de férias, uma vez que os proprietários partilham o seu tempo entre Lisboa e o campo e trabalham remotamente a partir daqui”, lê-se na descrição do projeto.
A casa tornou-se uma verdadeira ode à natureza, um resultado sustentado na inspiração do design que foi beber à paisagem circundante, composta por olivais. “Quisemos criar um diálogo entre a paisagem fantástica e extensa do olival e o interior da casa através da seleção de materiais naturais e de uma paleta de cores específica. Depois, na nossa primeira visita à casa, pensámos imediatamente que os dois pisos altos e abertos precisavam de se articular em torno de um ponto focal, pelo que decidimos criar um bloco de parede pintado com uma cor forte no centro da casa”, explicam os autores do projeto. Desta forma, os materiais naturais e uma paleta de cores suaves tornaram-se os principais protagonistas, juntamente com uma sofisticada seleção de marcas portuguesas e internacionais de design, iluminação e cerâmica, e ainda criações feitas por medida.
A sala de estar foi projetada para ser o coração da casa, organizada em torno de uma lareira imponente, feita com tábuas de madeira queimada da Banema, com o objetivo de esconder o ecrã da televisão, criando um ambiente mais acolhedor e livre de elementos tecnológicos visíveis. “A ideia era esconder a televisão atrás da parede de blocos pretos, à qual acrescentámos um banco de micro-betão preto com uma almofada preta para desfrutar confortavelmente da lareira”, explicam. A luz suave do fim da tarde acentua a textura da madeira, espalhando-se pela casa e conferindo um ambiente acolhedor. O tapete berbere de pelo alto, proveniente de Marrocos, acolhe o confortável sofá de veludo, feito à medida pela Desmedido, que traz ainda mais aconchego. As cortinas de linho completam o espaço, proporcionando calor e intimidade.
A mezzanine é um verdadeiro exemplo de versatilidade, projetada para ser uma zona de múltiplos usos. Combinando sala de televisão, escritório e ginásio, esta área também oferece recantos relaxantes para leitura. Os clientes, que passavam bastante tempo a trabalhar remotamente, pediram um escritório amplo. Para responder a essa necessidade, criámos uma bancada longa de madeira de pinho, com vista para a montanha, dividida pela lareira Stûv pictórica. A zona de estar é composta por três sofás embutidos, com estrutura de madeira de pinho e almofadas estofadas com um tecido de lã em loop, proporcionando conforto e serenidade.
Na cozinha, o ponto de destaque é a ilha central, composta por um deslumbrante mármore verde floresta, sobre uma base de carvalho. A escolha dos bancos de carvalho, com um design simples, complementa este elemento, reforçando a elegância natural do espaço. A parede lateral, pintada na mesma tonalidade verde Brutus da Mercadier que a parede central, destaca ainda mais a pedra da ilha, enquanto o pendente Long John, em latão e pele da RUBN Lighting, oferece um toque discreto de sofisticação.
Nos quartos, a coesão do design é mantida, com a criação de closets abertos e armários pintados em tons que dialogam com a cor dos azulejos das casas de banho. Os bancos com almofadas em tecido de lã Burel conferem um toque de requinte, enquanto as cabeceiras de madeira de pinho aquecem o ambiente, tornando os quartos ainda mais acolhedores. O uso de tapetes de cortiça, feitos à mão e por medida pela Sugo Cork Rugs, preenchem o espaço com uma elegância discreta e sustentável, criando uma atmosfera harmoniosa e serena.
As casas de banho seguem o mesmo princípio de sofisticação e simplicidade, com lavatórios suspensos, lacados em cores suaves que se harmonizam com os azulejos ou em carvalho natural mate. As bancadas, em Silestone Yukon, combinadas com cerâmica Cielo ou lavatórios semi-encastrados, oferecem uma estética minimalista, enquanto as torneiras e espelhos pretos complementam de forma elegante o design.
Por fim, no espaço exterior, a escolha de materiais, como os mosaicos verdes profundos da piscina e os azulejos de terracota que revestem a envolvente, cria uma transição suave entre o interior e a natureza envolvente, reforçando a relação entre os dois ambientes e prolongando a sensação de calma e harmonia por toda a casa.
A iluminação é um dos pontos fundamentais nos projetos do estúdio e neste em especifico foram selecionadas marcas como RUBN Lighting para o pendente da cozinha; MARKET SET para o lustre da sala de jantar; ferm LIVING para o lavabo; Pholc para o pendente do quarto principal; Nosta para a zona lounge; e Brokis para o candeeiro de pé da sala de estar. A arte também ocupa lugar de destaque e neste capítulo a Maison Amarande destaca dois exemplos: Memórias de uma Árvore de Edgar Costa da galeria OJO e um conjunto de fotografias a preto e branco de Pedro Guimarães.