Localizada nas Avenidas Novas, perto da Fundação Gulbenkian, a casa do fotógrafo Pedro Lança e de Bernardo, arquiteto, a que se junta o fiel Baltazar, denuncia a sua paixão pelas viagens e a arte, de um modo geral.
Texto: Isabel Figueiredo / Fotografias: Pedro Lança / Produção: Amparo Santa-Clara
Quando adquirido, o apartamento de 126m2 de área útil, já exibia, orgulhoso, um novo aspeto. Remodelado antes da chegada do casal, havia apenas que pensar em pequenos melhoramentos, “um facelift necessário para adaptá-lo ao nosso estilo de vida e necessidades”, explica Pedro Lança.




Para tal, as paredes foram pintadas de branco, por forma a maximizar a luminosidade e a dar destaque às peças preexistentes, oriundas de outras casas e com distintas proveniências, escolhidas para decorar os espaços. Hoje, adaptada à vida desta pequena família — composta por Pedro, Bernardo e o simpático ‘quatro-patas’ Baltazar, o apartamento de base clara ecoa o seu gosto pelas viagens e pela arte, mas também reflete a sua relação sensível e cuidada com as coisas bonitas, de um modo geral, com uma forma de estar descontraída, mas criteriosa. “Gostamos de viajar, de arte e de bons restaurantes”, confirma Pedro.


Não tendo um estilo definido, “porque não acompanhamos tendências”, a sua casa é reflexo de tudo isto! “Sempre gostámos, e tivemos interesse, pelo design e pela arte contemporâneos”, prossegue. “Gostamos de cor e temos um estilo que eu diria eclético; colecionamos peças pelas quais nos apaixonamos e que nos trazem alegria ou despertam em nós um sentimento especial”.



Os trabalhos de gesso visíveis nos tetos, a verticalidade do pé direito alto, as molduras nas paredes, o piso de tábua de madeira corrida, num bonito tom de caramelo, estabelece o diálogo certo com toda a luz de Lisboa que invade o apartamento, a fluidez do espaço, tudo isto numa localização especial. “Mudámo-nos logo após a pandemia, porque durante o confinamento sentimos a necessidade de mais espaço”, explicam. Hoje, esta sensação de maior conforto é indiscutível. A sala, ampla e receptiva à luz natural, com a sua abertura rasgada na parede que permite o acesso ao resto da casa e uma comunicação visual mais desafogada, as peças expostas nas paredes brancas, assinadas por diversos artistas plásticos, a suíte, área privada apoiada pela casa de banho, num estilo que se aproxima do da época do edifício, são os espaços preferidos do casal.



De entre as várias peças a destacar, Pedro Lança aponta Albert Madaula, artista de Barcelona “muito interessante.” São dele o quadro na sala de estar, por cima do sofá e um outro, exposto na parede da cabeceira da cama. De entre as duas obras, que integram este jogo de branco-total-cor, Pedro salienta outras peças, que anotamos: “Adoramos o virtuosismo dos desenhos hiperrealistas, a grafite, da Teresa Esgaio, que temos na sala de estar e na entrada da cozinha, a colagem do Fiumani — à esquerda, na parede da sala de estar, a primeira peça que comprámos, logo no início da pandemia, e que é por isso é muito especial para nós —, o candeeiro “psicadélico” do Ross Lovegrove, na parede da casa de jantar, e pelo qual nos apaixonámos quando o vimos na montra de uma loja, a caminho do jantar de fim de ano, mas também o candeeiro de teto da sala de estar, uma peça desenhada pela arquiteta já falecida Zaha Hadid — porque apesar de ser transparente, acentua a altura da sala e dá destaque ao teto”.



O diálogo ponderado, entre a base original da casa, a sua remodelação e o novo olhar dos seus atuais proprietários, é, acima de tudo, o resultado de uma forma de estar e de viver plena e atenta.