Por a 23 Abril 2025

Situada numa zona nobre da cidade de Lisboa, esta casa, datada dos anos 60, transformou-se na materialização da “harmonização entre arquitetura contemporânea e memória familiar, num espaço fluído e cheio de personalidade”. O projeto é da autoria do coletivo Spacemakers e as fotografias são de Ricardo Junqueira.

Projeto: Spacemakers / Fotografia: Ricardo Junqueira

Em pleno coração de Lisboa, numa zona nobre da cidade, o Restelo, um imóvel com arquitetura dos anos 60 foi o ponto de partida para um projeto que alia sofisticação, funcionalidade e respeito pela história. O Atelier Spacemakers foi desafiado por uma família a transformar esta moradia, mantendo a sua identidade, mas adaptando-a às exigências contemporâneas.

Desde o início, os proprietários expressaram o desejo de uma casa que refletisse as necessidades atuais do quotidiano familiar, sem perder a relação com o espaço exterior nem o conforto essencial à vivência urbana. A ambição era clara: criar uma casa moderna, funcional e acolhedora, que mantivesse viva a essência arquitectónica dos anos 60.

O ponto de partida conceptual passou pela exploração inteligente das cotas do terreno, dando origem a um sistema de meios-pisos interligados por uma escada central — elemento chave do projeto. Mais do que uma simples ligação entre andares, esta escada foi desenhada como um eixo visual e funcional, crescendo organicamente pelo espaço. Os degraus e o corrimão, meticulosamente pensados, criam um jogo de luz e sombra que acentua a fluidez e leveza da estrutura.

O projeto abrangeu a remodelação total e ampliação da moradia, incluindo o design de interiores. O foco esteve na otimização dos espaços e na valorização da luz natural. As zonas sociais foram pensadas para potenciar a ligação com o exterior, promovendo uma vivência integrada e fluida entre interior e jardim. A privacidade da família, contudo, nunca foi comprometida, graças ao equilíbrio entre abertura visual e distribuição funcional.

A madeira é protagonista na narrativa visual da casa. Utilizada nos degraus da escada e no pavimento, cria uma continuidade que une os vários ambientes. Na cozinha, a aposta recaiu sobre uma estética minimalista, onde o branco domina, iluminando o espaço e ampliando visualmente a área. A madeira nos armários adiciona calor, enquanto o revestimento cerâmico com textura na parede, confere profundidade e sofisticação.

Os tecidos escolhidos para os estofos introduzem padrões geométricos em tons quentes, trazendo dinamismo ao espaço. Elementos decorativos em cores vibrantes e detalhes dourados elevam a composição, contrastando com a base neutra das paredes e do mobiliário.

Entre os elementos mais emblemáticos do projeto, destacam-se algumas peças de família — como um piano de época e uma coleção de arte. A sua integração cuidadosa no design conferiu autenticidade ao ambiente, que celebra o encontro harmonioso entre o contemporâneo e a herança afetiva.

O maior desafio técnico residiu precisamente na escada central. A sua execução envolveu estudos exaustivos, desde a escolha de materiais — aço, betão e madeira — até ao desenho da guarda e pontos de suporte, que garantissem uma sensação de leveza e flutuação. Uma verdadeira obra de engenharia e design, que se tornou peça central da casa.

Este projeto é, nas palavras do Atelier, “a harmonização entre arquitetura contemporânea e memória familiar, num espaço fluído e cheio de personalidade.”