Por a 14 Abril 2025

Os coleccionadores de arte e galeristas Stefan e Parnilla Lundgren transformaram um edifício histórico na aldeia de Felanitx, em Maiorca, na montra perfeita para a sua vida repleta de arte.

Fotografias: Greg Cox/Bureaux / Texto: Robyn Alexander/Bureaux  / Styling: Sven Alberding/Bureaux

Stefan e Parnilla Lundgren são originalmente da Suécia, mas vivem e trabalham em Maiorca há mais de uma década. O casal, formado por dois apaixonados colecionadores de arte, é proprietário da Lundgren Gallery e da Mallorca Landings, espaços dedicados a exibir e apoiar obras contemporâneas inovadoras de artistas internacionais cuidadosamente selecionados. Durante muitos anos, residiram num apartamento em Palma, a capital costeira da ilha, com os filhos Lukas e Axel. No entanto, com os filhos já crescidos, os Lundgrens procuraram um espaço que não apenas exibisse a sua notável coleção de arte, mas que também enriquecesse o dia a dia. Essa busca levou-os a mudarem-se para Felanitx, no sudeste de Maiorca. 

Felanitx caminha a passos largos para ser um dos destinos mais desejados desta popular ilha das Baleares. Além de estar localizada próxima a algumas das praias mais pitorescas de Maiorca, a cidade é rica em história, com um antigo mosteiro e o Castillo de Santueri – uma impressionante fortaleza datada de 1228, esculpida na encosta de uma montanha, a 500 metros acima da cidade. Os novos moradores foram igualmente atraídos pelo charme autêntico da cidade, observado no movimentado mercado de domingo, onde são vendidos produtos locais, e pelo mercado diário, que oferece vegetais frescos, peixes, carnes, flores, azeite e pão artesanal, seis dias por semana. “Para nós, Felanitx é o último tesouro escondido de Maiorca”, diz Stefan. 

Embora os muitos atrativos da cidade tenham contribuído para a decisão, um dos principais motivos para a mudança dos Lundgrens para Felanitx foi a descoberta desta casa histórica, em 2017. Para Parnilla e Stefan, a casa devia, em primeiro lugar, acomodar a exibição da sua vasta coleção de arte, e esta propriedade, com o seu charme histórico, oferecia uma oportunidade extraordinária para tal. Localizada no centro de Felanitx, a propriedade – que remonta a 1823 – fica em frente à igreja medieval da cidade e a apenas 80 metros da praça do mercado. A sua dimensão é notável, abrangendo vastos 900 metros quadrados. “Quando se coleciona arte, nenhum espaço parece grande o suficiente”, admite Stefan, acrescentando que os tetos excepcionalmente altos – que variam de quatro a seis metros – conferem uma sensação de grandiosidade aos espaços. A autenticidade da casa é ainda mais destacada pelas paredes de pedra originais, portas arqueadas tradicionais, vigas de madeira e persianas, no seu todo exalando uma sensação rica de história. 

Ao adquirir a propriedade em 2017, os Lundgrens iniciaram uma extensa obra de restauro. “A casa estava em ruínas”, conta Stefan, “e trabalhámos para devolvê-la ao seu estado original.” As alterações estruturais foram mínimas, embora tenham descoberto e restaurado vários elementos originais, incluindo um arco escondido que une a sala de jantar ao pátio. O casal  também reaproveitou materiais da própria propriedade, e é exemplo disso a criação de novas portas a partir de antigas vigas do teto. O resultado é um restauro fiel que honra o património do edifício e ajuda a criar um espaço funcional e centrado na arte. 

Ao contrário de outros colecionadores, a paixão dos Lundgrens pela arte supera em muito o interesse pelo design de móveis. “Sentimos a casa para restaurá-la como era antes, e pensámos em como usá-la para exibir a nossa arte”, explica Stefan. O seu foco é viver cercado pela coleção, em vez de preencher a casa com mobília. “Os móveis limitam-se a peças essenciais – como uma mesa de jantar, cadeiras e camas”, acrescenta. Ainda assim, o olhar apurado dos Lundgrens para peças únicas e cheias de personalidade vai além da arte; a sua escolha de objetos peculiares e charmosos – desde cadeiras vintage na sala de jantar até aos antigos tachos de cobre que adornam a parede da cozinha – conferem aos interiores um encanto único. 

Após um ano aqui a viver, o casal desfruta hoje do espaço em pleno e, embora, como aponta Stefan, “não haja quarto de hóspedes”, recebem ocasionalmente clientes da galeria que partilham a mesma paixão pela arte. Para estes visitantes privilegiados, explorar os espaços interligados desta casa romântica e histórica – e apreciar obras de arte cuidadosamente expostas num ambiente semelhante a uma galeria – é uma experiência rara e inesquecível.