O estúdio Brákara, fundado pelo designer Luís Peixoto, diretor criativo, com Ruben da Silva, diretor de projeto, assina a remodelação integral deste apartamento no centro de Barcelona, construído em 1936.
Projeto: Brákara Studio / Fotografia: Jordi Folch / segundo memória descritiva
Como é viver num parque de diversões modernista ao ar livre? Quem vive no bairro de Eixample, em Barcelona, sabe bem do que estamos a falar. Os seus edifícios vanguardistas, com divisões amplas e diáfanas, tetos altos com a típica volta catalã, (abóbadas ou tetos curvos utilizando camadas de tijolos planos ou ladrilhos colocados horizontalmente), paredes de tijolo à vista e janelas de grande escala, que permitem a entrada de luz natural, são apenas algumas das características que lhe conferem um misto de fantasia e realidade.
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“Inspirados nestas qualidades e, claro, na sua riqueza histórica, propusemo-nos a dar um novo ar a este apartamento no centro de Barcelona, construído em 1936 e que, nos últimos 85 anos, já tinha sido renovado duas vezes. O apartamento tinha divisões pequenas e muitos ângulos, um pouco escuras e tristes. Por isso, a nossa intenção foi acrescentar-lhe dinamismo e transportar o espírito cosmopolita da cidade para o interior de um lar, sem deixar de fazer da propriedade um refúgio no meio da cidade. Um projeto de reabilitação é sempre um jogo entre a memória das experiências e a contemporaneidade do uso. É nesse equilíbrio entre passado e presente, memória e atualidade, entre o clássico e o moderno, que este projeto se desenvolve de forma linear, pura e minimalista”, explicam os autores do projeto.
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“Partimos de um conceito muito contemporâneo, com influência noviorquina, usando linhas industriais que se compatibilizam perfeitamente com a estética original do edifício, mas que lhe conferem contraste e uma nova sensação de espaço dimensional. Abrimos o hall do apartamento para criar um acesso direto às zonas sociais e, ao mesmo tempo, planeámos a integração discreta da casa de banho social, lavandaria, armários de serviço e o quarto principal na zona central, com o objetivo de proporcionar mais privacidade a esta parte da casa”.
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A zona central, revestida a madeira preta com portas ocultas, separa de forma eficiente a zona social da zona privada, conseguindo assim criar a sensação de loft novaiorquino na área de convívio. O quarto principal, construído em estilo suíte, está localizado numa das extremidades do apartamento, unido a uma casa de banho completa a que se acede através da zona de vestir. A cama, situada no centro do quarto, tem uma cabeceira em vidro enquadrado, desenhada à medida pelo estúdio, que separa a zona de dormir da zona de vestir. A continuidade e a harmonia espacial são mantidas, permitindo que a luz flua naturalmente por todo o quarto.
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A casa de banho da suíte foi concebida para criar um forte contraste, uma vez que, ao entrarmos por um vestiário negro, nos deparamos com um espaço revestido totalmente em mármore branco, que combina com os toques industriais de tijolo e carpintaria do dormitório. A casa de banho social, discretamente oculta numa das portas do corredor, segue a mesma linguagem do resto da casa, com a sua paleta cromática, materiais nobres e texturas.
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A essência industrial e masculina é visível em todo o apartamento, com os tons escuros da carpintaria do módulo central, os móveis negros da cozinha e os detalhes em ferro a dominar, contrastando com o branco escolhido para uniformizar as paredes e os tetos. Destacam-se também as paredes de tijolo à vista no quarto principal, cozinha e sala, bem como o teto com a volta catalã na sala de estar e na sala de jantar. O contraste com elementos modernistas originais é sublinhado com o arco clássico, recuperado e colocado no hall e na cozinha. A carpintaria das janelas do corredor também foi preservada, mas reformada para combinar com a estética geral do projeto.
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“Continuámos a adicionar toques clássicos, como cornijas nos tetos, rodapés altos com molduras, a parede da sala de jantar pintada em cinzento com molduras, o uso de mármore no revestimento da casa de banho da suíte, a bancada da cozinha e a incorporação do mesmo material no móvel da televisão e no móvel do closet, ambos desenhados à medida para este projeto. Vale ainda mencionar que, nos quase 130m2 que compõem o apartamento, foi instalado um soalho de madeira de carvalho natural em formato espinha”.
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A iluminação, cuidadosamente estudada, é um dos pontos fortes do projeto, concebida para atenuar, fundir e criar diferentes ambientes. Nas várias divisões, foram combinados diversos tipos de iluminação a diferentes alturas e intensidades. Luz geral e várias opções de luz indireta, com soluções modernas e outras mais industriais, fundem-se com toda a estética do apartamento para proporcionar conforto e calor.
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Por último, concluem, “a decoração adapta-se à arquitetura aplicada na reabilitação do interior da casa. Os detalhes de cada divisão conferem o toque acolhedor e glamoroso pretendido para cada espaço. A soma precisa dos materiais e uma paleta cromática unificada fazem desta casa uma tela em branco, pronta para receber novas experiências e memórias”.