A escolha do programa para a construção, uma residência estudantil, ocorreu naturalmente devido à proximidade do campus da Universidade. Os dois volumes públicos e privados hospedam internamente as suas respectivas funções, públicas e privadas.
Fotografia: Marc Cramer
Um pequeno terreno baldio localizado no epicentro da vida estudantil de Montreal, a norte da entrada principal da Milton da Universidade McGill, foi a base do mais recente projeto do coletivo de arquitetos KANVA. O local sofreu um incêndio no início do século XX, que arrasou o edifício de pedra histórico, datado do século XIX.
A tragédia representa apenas uma das muitas camadas narrativas embutidas na terra. O contexto histórico do local tornou-se a principal inspiração para o projeto de renovação urbana, que levou à exploração de uma técnica inovadora de fabrico de cimento; painéis de cimento fotogravados que permitem ao edifício contar uma história.
O projeto encapsula uma arquitetura ‘parlante’; uma arquitetura que aumenta a experiência intelectual e perceptiva dos seus habitantes, estimulando a aparência ativa.
A sequência do filme gravada na fachada de cimento é extraída da sequência de fotos do filme: ‘Montreal Fire Department on Runners‘ (Edison, 1901). O filme foi cuidadosamente escolhido pela sua relevância histórica e contextual: faz referência ao incêndio que desocupou o local e destaca o prolífico inventor Thomas Edison, um importante colaborador para o desenvolvimento de ‘tableaux mouvants’ e filmes.
As restrições de materialidade surgiram desde o início do projeto devido ao fato de o local estar posicionado numa zona classificada de Montreal e a paleta de materiais estava limitada à alvenaria.
A equipa de design abordou a situação como mais uma oportunidade de desafiar convenções e testar os limites do cimento. O processo de fotogravura do material foi selecionado pelas suas propriedades sensíveis: não sobrecarrega o espetador, mas convida a repensar uma história, à medida que os transeuntes passam pelo edifício.
A técnica refinada de fotogravura é uma ferramenta complexa que facilita uma narrativa lúdica e adaptável, num material que, de outra forma, seria bruto e estéril.
Especificamente, o processo de fotogravura traduz uma imagem numa representação positiva / negativa, que é então convertida numa série de estrias verticais que formam a imagem. Tocando na luz e na sombra, cada filme parado e, por extensão, a sequência na técnica de fotogravura é percebida de uma maneira dinâmica e em constante mudança, à medida que os ângulos oblíquos do sol acentuam ou as nuvens suavizam a percepção visual das costelas verticais que formam a imagem .
Os painéis de vidro na fachada frontal também são impressos em tela com imagens complementares, ajudando a obter o efeito sequencial desejado. À medida que os visitantes passam pelo local, a sua proximidade e ângulo em relação à fachada, além da velocidade com que se movem, transformam a maneira como a sequência é vista.
A escolha do programa para a construção, uma residência estudantil, ocorreu naturalmente devido à proximidade do campus da Universidade. Os dois volumes públicos e privados hospedam internamente as suas respectivas funções públicas e privadas. A residência íntima abriga trinta (30) quartos individuais, áreas comuns, como cozinha, sala de estar, sala de estar, etc. Cada quarto de estudante foi projetado como um módulo ideal, equipado com espaços de arrumação embutidos, do chão ao teto, que enquadra a cama ao longo de uma parede.
Todos os quartos privativos dão para o tranquilo jardim comum, que envolve toda a área do edifício, proporcionando lazer e segurança aos ustlizadores.
A Edison Residence cria uma arquitetura animada usando novas tecnologias de maneira socialmente atraente. Exige a participação e a reflexão do espetador, quando contempla a transformação e evolução do lugar e, por extensão, a cidade. É ainda um espaço de inspiração para os estudantes, à medida que estes ampliam os seus horizontes.