Fotografia: José Manuel Ferrão Produção: Amparo Santa-Clara Texto: Isabel Figueiredo
No coração do Estoril, esta casa aloja uma família multicultural, onde a Arte é a força motriz.
Cercado por muros altos, o edifício não se destaca pela arquitetura, mas antes pelo jardim que o rodeia e pelos seus interiores, num estilo que poderíamos enquadrar dentro do clássico contemporâneo.
Lá dentro, a casa espraia-se em 4 andares:, a cave, equipada com área de serviço, sala e suíte, cujas traseiras permitem o acesso direto ao jardim e piscina; o piso térreo, onde se localizam as salas de estar e de jantar, a cozinha e área de refeições adjacente e o lavabo social; o primeiro piso, com o quarto do casal, de grandes dimensões, com lareira e área de estar, apoiado pelo terraço com vista de mar, e outros dois quartos e respetivas casas de banho; e finalmente o último piso, onde se aloja o espaço privado, em jeito de mini apartamento, de um dos filhos.
Ao entrar na casa adivinhamos o gosto pela arte e pela culinária – da cozinha vem um reconfortante aroma adocicado, e adivinhamos um bolo a dourar no forno – era mesmo, assim o confirmamos no fim da entrevista!
Úrsula é uma especialista em catering e organiza workhops culinários de grande sucesso (quisemos tentar a sorte, mas já não havia vagas para o próximo). A esta valência, junta-se o seu gosto pela cerâmica, com algumas peças da sua autoria em destaque na zona de living.
Na sala de estar, bem apoiada por luz natural, há uma dominante de verdes e tons tropicais. Tal explica-se pela passagem desta família por Miami, de onde provém a grande maioria dos móveis.
Comunicantes, a sala de estar e de jantar ocupam uma boa parcela deste piso. Transpondo a porta que as une, alcançamos a sala de refeições, mais sóbria, em boa parte devido à parede de madeira apainelada. Aqui destacam-se, à semelhança do resto da casa, as diversas obras feitas pelos quatro filhos, todos artistas.
Na cozinha, com zona de refeições, uma das filhas termina o pequeno-almoço. O cheiro de bolo é aqui mais intenso e apetecível, mas afastamos o pensamento daí porque não queremos que o apetite se sobreponha ao nosso percurso e conversa.
No corredor da entrada e de acesso à cozinha, destaque para a obra do artista contemporâneo Henrique Martinez Celaya.
Ao subir, na parede da escada, impõe-se a peça de outra artista plástica, uma argentina com uma história de vida que a Úrsula ainda hoje emociona, e cuja obra guarda uma dedicatória muito especial, escrita a toda a largura do verso da tela.
Lá em cima, encontramos o piso reservado às zonas privadas, onde se encontram o quarto do casal, com sala de estar apoiada por uma lareira, duas casas de banho e a varanda com vista para o mar e a baía de Cascais. De entre as peças de mobiliário destacam-se a cómoda antiga e o quadro na parede da lareira, também este com grande significado para a sua proprietária, porque ali se agrupam as mensagens das suas amigas, em jeito de despedida, quando deixou Miami para vir morar para Portugal. Os pássaros são os portadores destas mensagens.
Subindo ao último piso, entramos no espaço privado de uma das filhas, em jeito de mini apartamento.
A casa de família é, assim, um reservatório de memórias e experiências, evidenciando a sua ligação à Arte de um modo geral, e aqui sente-se boas energias e a sensação de acolhimento.