Embora apresente um design claramente contemporâneo, a Casa em Baião respondeu plenamente ao imaginário do cliente, tornando-se o refúgio de madeira com que sempre sonhou.
Arquitetura: Traço Alternativo (arq. Nuno Campos) / Fotografias: Fernando Guerra
Inserida num cenário bucólico, onde a paisagem é delimitada por montes que serpenteiam e o verde da vegetação predomina, nasceu, entre outras casas de pequena escala que pontuam o território, a Casa em Baião.
Destinada a habitação de férias, foi construída sobre uma ruína, como que a tentar elevar-se para ver a paisagem.
Perfeitamente integrada na morfologia do terreno e preservando a memória da ruína, a Casa em Baião aparece como um rasgo de modernidade, mas estabelece o equilíbrio desejável.
Segundo o atelier Traço Alternativo – autor do projeto -, desde o início que se procurou o uso de um material natural, sensorialmente confortável e tradicional. A constatação da existência de inúmeros espigueiros nas redondezas onde sobressaía a utilização da madeira de forma simples e despojada, talvez tenha sido decisiva e acabou por inspirar fortemente a materialidade deste projeto.
Foi assim com naturalidade, que a madeira foi utilizada como material estrutural e de revestimento, tanto no interior como no exterior. “O uso da madeira não remeteu para uma linguagem ou uma utilização mais convencional ou tradicional mas, pelo contrário, tentou-se inovar no desenho e trabalhar este material de forma mais expressiva e sensorial”, explica o atelier de arquitetura na descrição do projeto.
Em termos de distribuição dos espaços no seu interior, no piso inferior a sala e a cozinha abrem generosamente para o jardim, onde se recuperou o espigueiro cuja materialidade foi transposta para o volume superior da habitação onde se localizam os quartos.
Este volume, todo construído em madeira, foi pré-montado na carpintaria em módulos, que depois de reajustados foram desmontados, transportados e montados de forma definitiva em tempo recorde, como se de peças de legos se tratassem.
No exterior, a delicadeza da madeira no piso superior, contrasta fortemente com o aspeto rude dos muros de betão no rés-do-chão.
No interior domina a madeira metricamente estudada, onde nenhuma junta foi deixada ao acaso e onde os seus nós expressivos e anárquicos são responsáveis por quebrar essa rigidez métrica e criar uma tensão, uma sensação de desordem controlada.
Nos tetos a estrutura de madeira transmite um estranho sentimento de conforto, ordem e serenidade.